7. Apesar da Noite

Malgré La Nuit. França, 2015. Direção: Philippe Grandrieux.

Filme tresloucado, Apesar da Noite causou nos festivais onde foi exibido. Muita gente abandonou a sala de projeção com tontura, enjoo e até ataque epiléptico. Nem tanto pelo conteúdo (pesado) do filme e mais pela sua forma cinematográfica. Na trama, acompanhamos um homem chamado Lenz que deixa Londres e retorna a Paris em busca de Madeleine, que está desaparecida. Em sua jornada, ele acaba se envolvendo com o submundo dos filmes pornográficos do tipo snuff, onde conhece Hélène, uma enfermeira em luto com a perda de seu filho. Não espere por um novo Serbian Film. O diretor Grandrieux trilha outro caminho e aborda o tema de maneira diferente. Para quem curte longas-metragens cheios de experimentalismo, um prato cheio.

6. Nada de Mau Pode Acontecer

Tore Tanzt / Nothing Bad Can Happen. Alemanha, 2013. Direção: Katrin Gebbe.

Se você é um assíduo frequentador deste site já sabe que cinema alemão é sinônimo de porrada no estômago. E Tore Tanzt não foge a regra. O personagem título é um adolescente com cara de anjo que faz parte de um grupo evangelizador chamado Jesus Freaks, movimento punk cristão rebelado contra a religião estabelecida. Por um acaso do destino, Tore conhece Benno e se envolve com este sujeito sem saber que ele é lobo em pele de cordeiro. Primeiro longa-metragem da diretora Katrin Gebbe, Nada de Mau Pode Acontecer é um verdadeiro teste de resistência. Tanto para o protagonista – submetido a situações humilhantes – quanto o espectador. Um espetáculo de filme apesar de indigesto.

5. Strange Circus

Kimyô na sâkasu. Japão, 2005. Direção: Sion Sono.

Este filme é a última parte de uma trilogia sobre suicídio comandada pelo diretor Sion Sono – os outros são O Pacto e A Mesa de Jantar de Noriko. No entanto, a obra vai além ao abordar outros temas tabu como incesto, estupro e pedofilia. Na trama, um diretor de escola abusa sexualmente de sua filha menor de idade após ela vê-lo fazendo sexo com sua mãe. A mulher, por sua vez, testemunha o abuso e passa a sentir ciúmes da filha. O homem passa a transar com as duas enquanto a família vai se deteriorando. Dividido em duas histórias, o filme reserva surpresas em sua segunda parte. Perverso e angustiante, Strange Circus é uma experiência única que deixará o espectador impactado para o resto da vida.

4. Visceral: Entre Las Cuerdas de La Locura

Visceral: Entre Las Cuerdas de La Locura. Chile, 2012. Chile, 2012. Direção: Felipe Eluti.

Vômitos, sangue, tortura e muitas cenas nojentas. Este é o cardápio de Visceral, projeto autoral do cineasta chileno Felipe Eluti que além de dirigir, também escreveu, editou e atua como o protagonista, um boxer fracasso que após perder aquela que seria a grande luta de sua carreira, mergulha num espiral de violência, tortura e destruição. Tomado pelo álcool e disposto a descontar no mundo seu fracasso, ele passa a obedecer cegamente uma figura feminina demoníaca que o manda cometer atos bárbaros. A história não é contada de maneira linear o que torna a experiência ainda mais desconfortável. Um espetáculo de violência explítica, indicado apenas para fãs de cinema extremo.

3. Daniel e Ana

Daniel & Ana. México, 2009. Direção: Michel Franco.

O roteiro de Daniel e Ana foi baseado numa sórdida história real ocorrida no México: Após serem sequestrados, dois filhos de uma família rica, um rapaz e uma garota, são obrigados a transar diante de uma câmera. O vídeo é comercializado no circuito de pornografia underground. Destruídos psicologicamente, os irmãos vão implodindo aos poucos, se despedaçando, até chegar a um ponto sem volta. Apesar do diretor Franco evitar o voyeurismo e imagens explícitas chocantes, a história perversa incomoda do mesmo jeito. Um filme com pouquíssimos diálogos e zero trilha sonora, o que deixa tudo ainda mais sufocante e perturbador.

2. Adeus, Tio Tom

Addio Zio Tom. Itália, 1971. Direção: Gualtiero Jacopetti e Franco Prosperi.

Dois documentaristas italianos viajam no tempo e vão parar na época da escravatura americana. Lá, testemunham o modo desumano como os negros são tratados, desde a vinda da África até sua chegada nas fazendas sulistas dos Estados Unidos. Torturas, humilhações e estupros fazem parte do dia a dia dos escravizados. A intenção dos realizadores era apresentar uma severa crítica ao racismo, mas eles enfiaram os pés pelas mãos e entregaram uma ode em favor da violência. Para piorar: O longa-metragem foi rodado no Haiti, com as filmagens autorizadas pelo ditador sanguinário Papa Doc Duvalier, que cedeu gratuitamente milhares de haitianos para fazer figuração. Haja estômago.

1. Melancolia dos Anjos

Melancholie der Engel. Alemanha, 2009. Direção: Marian Dora.

Dois amigos se reencontram depois de um longo período. Um deles sofre de uma doença incurável e morrerá em breve, motivo pelo qual decidem fazer uma farra de proporções gigantescas como despedida. Há quem veja mérito artístico no filme conduzido por Marian Dora, porém, embora eu tenha me esforçado, não consegui encontrar. Difícil mesmo quando se trata de um festival de cenas repugnantes embaladas por uma trilha sonora melosa: mulheres abortando bebês, deficientes físicos sendo torturados, animais cruelmente assassinados, entre outros absurdos cometidos em nome da “arte”. Programa indigesto até mesmo para os experts em cinema extremo.