7. Trauma

Trauma. Chile, 2017. Direção: Lucio A. Rojas.

Quatro mulheres decidem passar um final de semana numa cabana afastada e, o que deveria ser alguns dias de diversão e descanso, torna-se um pesadelo quando elas são brutalmente atacadas por dois homens sádicos, fazendo-as passar pelas piores humilhações possíveis. Os agressores têm em seu sangue o legado direto do período mais negro da história chilena: a ditadura sangrenta de Augusto Pinochet. Clichês incomodam e alguns efeitos digitais toscos tiram parte do impacto do longa. Mas o que sobra é o suficiente para tirar o sono de muita gente, sobretudo as mulheres.

6. The Nightingale

Austrália / EUA / Canada, 2018. Direção: Jennifer Kent.

Exibido no Festival de Sidney, muitas mulheres abandonaram a sessão revoltadas com o grau de brutalidade por qual passa a protagonista. Na história, ambientada no século XIX durante o período de colonização da Tasmânia (ilha localizada no sudeste da Austrália) pelos britânicos, uma mulher e sua família são brutalmente atacados por um grupo de soldados. Após ser violentada por um sádico tenente e ver seu marido e filho serem mortos, a garota consegue escapar pós sofrer um sem número de humilhações. Disposta a se vingar, ela contrata um guia aborígene para conduzi-la através da selva e rastrear o militar.

5. Cafarnaum

Líbano / França / EUA / Chipre / Catar, 2018. Direção: Nadine Labaki.

Difícil não ir as lágrimas com este drama libanês. A trama acompanha um jovem refugiado sírio chamado Zain que após fugir de seus pais abusivos e cometer um crime violento, é condenado a cinco anos de prisão. Como protesto contra a vida que lhe foi imposta, o jovem de 12 anos decide processar o casal que o criou. Apesar da exploração da pobreza e outros problemas sociais que cercam o protagonista por vezes soarem superficiais e moralistas, o filme não perde muito o seu impacto graças a atuação monstruosa do moleque Zain Al Rafeea. Indicado para quem curte cinema “socialmente engajado”.

4. Os Tigres Não Tem Medo

Vuelven. México, 2017. Direção: Issa López.

Produção incômoda e atual que conta, através dos olhos de um grupo de crianças, a destruição moral provocada pelo narcotráfico nas vidas dos jovens ao sul da fronteira do México. O grupo é composto por órfãos que perderam os pais em situações violentas envolvendo os traficantes de drogas locais. Entregues a própria sorte, as crianças vivem uma dura realidade, obrigados a se esconder constantemente dos horrendos tentáculos do cartel e forçados a roubar para sobreviver. Uma fábula sombria, um Irmãos Grimm dark ao extremo, uma obra provocativa que precisa ser vista e discutida ainda que experiência seja dura.

3. O Rei da Morte

Der Todesking. Alemanha, 1990. Direção: Jörg Buttgereit.

Quem acompanha esta lista desde os primórdios sabe o que esperar do cineasta Jörg Buttgereit, criador dos asquerosos, (e fascinantes) Nekromantik e Os Últimos Dias de Schramm. Aqui, numa trama igualmente mórbida, acompanhamos sete personagens que decidem cometer suicídio. Só pela premissa já da para perceber que não é uma obra indicada para todos os públicos. Os personagens são os mais vazios possíveis e Buttgereit torna a morte para eles o melhor acalento. Um filme indigesto e deprimente cujo propósito, segundo o seu realizador, não era chocar o público, “apenas discutir, sem moralismos, um assunto tabu da sociedade ocidental”. Ah, tá.

2. O Bar Luva Dourada

Der Goldene Handschuh. Alemanha, 2019. Direção: Fatih Akin.

Baseado em fatos ocorridos na cidade de Hamburgo, na Alemanha, durante os anos 1960-70, o longa acompanha a trajetória do serial killer Fritz Honka (Jonas Dassler, sob pesada maquiagem), que assassinou quatro mulheres e escondeu os corpos dentro do seu próprio apartamento. Um filme angustiante cuja atmosfera macabra incomoda e provoca calafrios mesmo com a maioria das mortes acontecendo fora do alcance das câmeras. O título faz referência ao pub homônimo fundado por um pugilista, localizado na zona do baixo meretrício de Hamburgo, bar frequentado por Honka, e onde ele escolhia as suas vítimas.

1. The Painted Bird

Nabarvené Ptáče. República Checa / Eslováquia / Ucrânia, 2019. Direção: Václav Marhoul.

Baseado no romance homônimo escrito pelo polonês Jerzy Kosinski em 1965, o filme em preto e branco com quase três horas de duração acompanha a jornada de um garoto judeu sem nome, chamado apenas de Boy (Petr Kotlar), que foi deixado com uma idosa pelos seus pais durante a Segunda Guerra Mundial. Quando a mulher morre, o moleque passa a vagar à esmo, vivendo diversas experiências ruins, sofrendo agressões e abusos brutais. O título faz referência a cena em que pássaros começam a picar a cabeça do pobre menino, enterrado no chão sem a menor possibilidade de defesa.