7. Viagem Alucinante

Enter The Void. França / Alemanha / Itália / Canadá, 2009. Direção: Gaspar Noé.

O jovem Oscar é um traficante de drogas que vive em Tóquio e adora experimentar seus produtos. Raposa vendendo galinha. Em suas viagens lisérgicas tem flashbacks de sua infância como o trauma da morte de seus pais e alucinações desconcertantes. Numa operação policial acaba morto e sua alma passa a vagar no espaço, viajando pelo passado, presente e futuro. Ousado em todos os sentidos, seja na exploração metafísica (com uma fotografia psicodélica e fortes efeitos de luz), seja em suas sequências de sexo explícito e consumo de drogas pesadas, Enter The Void é uma experiência transcendental. Se você sofre de epilepsia, passe longe.

6. Medo

Angst. Austria 1983. Direção: Gerald Kargl.

Obscuro filme austríaco que narra a história de Werner Kniesek, serial killer esquizofrênico que sai da prisão após passar toda sua vida numa cela de segurança máxima. Em liberdade, não pensa duas vezes em planejar novos assassinatos. Ao invadir uma mansão faz de refém uma idosa, uma jovem e o irmão dela que é cadeirante e sofre de problemas mentais. Narrado em off e praticamente desprovido de diálogos, um filme que provoca extremo desconforto por conta do seu tom documental e tomadas de câmera que refletem não só a confusão mental do assassino como também o desespero das vítimas.

5. O Sacrifício do Cervo Sagrado

The Killing of a Sacred Deer. Reino Unido / Irlanda / EUA, 2017. Direção: Yorgos Lanthimos.

Quem já está acostumado com a filmografia do grego Yorgos Lanthimos, sabe que bizarrice é a palavra de ordem em seus projetos. A entranha amizade de um conceituado cardiologista e um adolescente filho de um ex-paciente é o ponto de partida deste longa-metragem agoniante. Durante toda a obra Lanthimos tortura o espectador, conduzindo-o por um ambiente asséptico, habitado por personagens apáticos completamente desprovidos de emoção. Mais do que um filme, uma experiência e desagradável que só piora a medida que aproxima do final (aterrador).

4. Pig

Pig. Estados Unidos, 2010. Direção: Adam Mason.

Pig nasceu da frustração do diretor Adam Mason diante do descaso das distribuidoras com seus filmes anteriores. Puto da vida, o cara resolveu dar vida à sua mágoa. Esqueça roteiro, arcos de personagem, narrativa. O resultado são 70 minutos de pura insanidade onde uma grávida sofre horrores nas mãos de um grupo de canibais sádicos. Tudo foi improvisado, filmado em apenas dois dias e feito com a bagatela de US$ 3 mil dólares. Se a premissa lhe interessou, saiba que o filme não se encontra disponível para download em lugar algum. Para assisti-lo é preciso pedir uma cópia ao diretor que cobra um pedaço da sua alma (e sua opinião sobre a obra).

3. Hereditário

Hereditary. Estados Unidos, 2018. Direção: Ari Aster.

Clássico instantâneo, Hereditário vai na contramão de todas as produções atuais de terror: perturba, incomoda e mete medo sem apelar para o gore e/ou jumpscares. A trama, escrita pelo novato Arti Aster (que também dirige o filme), acompanha Annie Graham (Toni Collete) que após perder a mãe (com quem não tinha uma boa relação) vê o mundo ao seu redor entrar em colapso. A medida que segredos terríveis do passado vão se revelando, macabros eventos passam a acontecer com ela e sua família. Uma obra engenhosa, repleta de simbolismos, com um final arrepiante que vai pegar todos de surpresa.

2. Cavalo de Duas Pernas

Asbe du-pa. França / Irã, 2008. Direção: Samira Makhmalbaf.

No Afeganistão pós-talibã, um adolescente que mora dentro de uma tubulação de esgoto, aceita um emprego incomum: transportar nas costas um menino que perdeu as pernas na guerra. Não demora para que o deficiente físico comece a tratar o rapaz de maneira abusiva: obriga-o a usar sela e ferraduras, dormir num estábulo, comer feno, entre outras situações degradantes. Certamente a intenção da diretora Makhmalbaf era fazer analogias ao poderio econômico e a precária situação social do seu país, entretanto, em determinados momentos, parece que rola um certo sadismo iconográfico por parte da realizadora.

1. A Casa Que Jack Construiu

The House That Jack Built. Suécia / Dinamarca / Alemanha, 2018. Direção: Lars Von Trier.

Assim como os demais trabalhos do polêmico cineasta, o longa é dividido em capítulos – o filme batiza de “incidentes”, porém assassinatos seria mais apropriado – onde o serial killer Jack (Matt Dillon) narra sua carreira sanguinária. Autor de mais de 60 mortes ao longo de doze anos, Jack só ataca mulheres e, como todo machista, acredita que elas são culpadas pelos atos dele. Apresentado sob o (distorcido) ponto de vista do protagonista, a obra de Von Trier incomoda mais pelo teor psicológico (que humaniza o assassino) do que a violência excessiva tanto propagada pelo marketing.