7. Tetsuo, O Homem de Ferro

Tetsuo. Japão, 1989. Direção: Shin’ya Tsukamoto.

Misto de ficção científica e horror, esta obra cyberpunk é referência obrigatória do cinema bizarro e do surrealismo japonês. O título é o nome do protagonista (vivido pelo próprio diretor), um sujeito com fetiche por metal que após sofrer um corte com um barbeador elétrico, é contaminado pelo objeto, passando a ver brotar em si uma coleção de peças, fios, parafusos e engrenagens que o transformam num monstro metálico. Realizado em preto e branco, com um baixíssimo orçamento, de forma até meio artesanal – o que acentua ainda mais o lado obscuro da narrativa -, o longa apresenta forte influência dos trabalhos de David Lynch (Eraserhead) e David Cronenberg (A Mosca) e é também, uma homenagem às películas nipônicas de samurais e monstros mutantes, ao tradicional teatro Kabuki e às edições manga para adultos.

6. Possessão

Possession. França/Alemanha, 1981. Direção: Andrzej Zulawski.

Terror psicológico surtado, o longa-metragem fala direto ao emocional, deixando para a razão uma participação meramente figurativa. A trama acompanha um jovem casal, Mark (Sam Neill) e Anna (Isabelle Adjani), que vivem um crise no casamento. Enquanto o marido nutre esperanças em superar a má fase, a esposa, já partiu para outra, ou melhor, outros. A medida que o filme avança, o grau de sanidade dos protagonistas vai se esvaindo e a loucura tomando espaço. Ao contratar um detetive para seguir sua mulher, Mark descobre que Anna esta tentando um affair com uma criatura monstruosa e gosmenta. Isso mesmo. Você não leu errado. Quem curte o universo bizarro de David Lynch, vai se deliciar com essa preciosidade do diretor polonês Zulawski (também autor do roteiro), onde pouquíssimo do que é mostrado pode ser compreendido de maneira literal.

5. Mãe!

Mother!, Estados Unidos, 2017. Direção: Darren Aronofsky.

Um casal sem nome vive numa mansão isolada no meio do mato. Enquanto, Ele (Javier Bardem), um poeta famoso, não encontra inspiração para escrever uma nova obra, Ela (Jennifer Lawrence), dona de casa, passa seus dias reformando o espaço, como forma de agradar o marido. A rotina dos dois é quebrada quando recebem a visita de um outro casal (Ed Harris e Michelle Pfeiffer). Entregar mais da trama deste polêmico trabalho do diretor e roteiro Darren Aronofsky é estragar a experiência perturbadora de quem o assiste. Repleto de simbolismos religiosos que ilustram passagens bíblicas – tema recorrente na filmografia do cineasta -, esta não é uma obra para o grande público. Primeiro, porque nem todos serão capazes de decifrar suas alegorias. Segundo, porque, talvez, aqueles que consigam, sintam-se ofendidos com a visão do realizador.

4. 3096 Dias de Cativeiro

3096 Tage. Alemanha, 2013. Direção: Sherry Hormann.

Baseado no livro homônimo escrito por Natasha Kampush, o longa é a adaptação de uma história macabra que aconteceu com a autora, sequestrada aos 10 anos de idade e mantida em cativeiro de 1998 à 2006. Presa em um cubículo, a menina passou o resto de sua infância e o início da adolescência sofrendo horrores nas mãos de Wolfgang Priklopil, um homem violento que sofria de transtorno obsessivo compulsivo e tinha problemas mal resolvidos com sua sexualidade. Durante os 3096 dias em que esteve em poder do sequestrador, Natasha passou fome, foi obrigada a executar trabalhos domésticos – lavar, cozinhar, costurar, limpar a casa -, foi espancada, estuprada, entre outros abusos físicos e psicológicos. Tenso, desconfortável, claustrofóbico e sufocante, uma obra para ser assistida e discutida.

3. Cannibal

Cannibal. Alemanha, 2006. Direção: Marian Dora.

Proibido na Itália, França, Reino Unido e Alemanha, este filme é uma recriação ultrarrealista do “Canibal de Rotenburg”, caso ocorrido em 2001 onde um sujeito chamado Armin Meiwes matou e devorou um homem, que se ofereceu como jantar. Gravado em vídeo digital, a obra mostra o protagonista usando a deep web para interagir com possíveis vítimas. Numa espécie de rede social para degenerados, ele busca pessoas para serem assassinadas e comidas. O “cardápio” é variado e, após muita indecisão, ele escolhe seu “prato”. Daí em diante é preciso ter estômago para o que a produção reserva: mutilações, desmembramentos e castração são alguns dos aperitivos, sempre regados com muito sangue, evidentemente.

2. The Butcher

The Butcher. Coreia do Sul, 2007. Direção: Kim Jin-won.

Proibido em diversos países e dificílimo de encontrar – reza a lenda que só na dark web -, esta é a resposta sul-coreana ao norte-americano August Underground e produções similares que exploram o fetichismo por snuff movies. A trama é ambientada numa matadouro abandonado onde um casal de namorados com uma câmera de vídeo presa às suas cabeças, aguarda por seu executor, um homem usando uma macabra cabeça de porco. O longa alterna imagens da perspectiva das vítimas e dos assassinos, que também estão gravando a ação. Realista e ultra-violento, nem mesmo quem está acostumado com esse tipo de filme underground consegue se manter impassível diante de tantos gritos desesperados, choros, vômitos, mutilações e sanguinolência.

1. Vá e Veja

Idi I Smotri. União Soviética, 1985. Direção: Elem Klimov.

Durante oito exaustivos anos, o diretor Elem Klimov lutou com o Goskino (Comitê Estatal Soviético de Cinematografia), para que seu longa-metragem fosse aprovado. A teimosia valeu à pena: a obra se tornou um dos retratos mais dolorosos e viscerais sobre a Segunda Guerra Mundial. O filme acompanha Flyora (o expressivo Aleksey Kravchenko), um garoto de 13 anos, que voluntaria-se para se juntar ao movimento da resistência de seu país. Através dos olhos inocentes do protagonista, testemunhamos algumas das muitas atrocidades que aconteceram nas repúblicas constituintes da União Soviética, ocupadas pelas forças da Alemanha Nazista em 1943. Impactante, desesperador e implacável, o que é mostrado é doentio o suficiente para fazer com que o espectador se questione sobre o conceito de “humanidade”.