Você gosta do terror dos anos 1980? Você sabe o que são os “video nasties”? Você está preparado para uma jornada de violência, loucura e gore? Se a resposta para pelo menos duas dessas perguntas for sim, Censor é o filme certo para saciar sua sede sádica, ou masoquista, de sangue.

Ambientado no País de Gales, durante o governo de Margareth Tatcher no Reino Unido, o longa conta a história de Enid, uma funcionária do serviço de censura britânico que passa os seus dias analisando e decidindo pela aceitação ou rejeição das produções de terror a serem lançadas no Reino Unido. Apesar de bela, Enid é tímida e muito dedicada ao trabalho, sempre procurando ser o mais precisa possível nos cortes e na censura imposta às produções.

Como pano de fundo, Enid é convencida por um colega a aprovar um filme relativamente violento, ao mesmo tempo em que lida com a decisão de sua família de declarar sua irmã mais jovem, que, na infância, desapareceu durante um passeio na floresta com Enid, como morta. A aprovação do filme resultará em um assassinato que imita uma de suas cenas, levando Enid a sofrer ameaças e perseguição pública, enquanto a informalidade com a decisão dos pais coloca a personagem em uma espiral de loucura: ao avaliar o novo filme de um diretor controverso, a protagonista percebe que a cena de abertura reproduz a sua memória do dia do desaparecimento de sua irmã e se torna obcecada pela ideia de que a atriz, agora adulta, é na verdade, a irmã desaparecida.

Se os primeiros dois atos do filme investem na construção da paranoia e da loucura, com pitadas de crítica política à onda conservadora e moralista daqueles tempos, o terceiro ato entrega a violência, o sangue e o gore que todos esperam de um filme baseado nos “video nasties.”

Niam Algar entrega uma interpretação inesquecível, equilibrando todas as nuances da personalidade de Enid até o clímax perturbador. A diretora e co-roteirista Prano Bailey-Bond, por sua vez, fez escolhas certeiras na construção de mundo, no desenho de produção e, principalmente, na fotografia de cores saturadas, que contrastam com um ambiente sombrio, e na montagem, cuja recompensa da última cena é inteligente e marcante.

Censor proporciona uma ótima experiência para os fãs de terror, mas é menos perturbador do que andam dizendo por aí embora possa ser incomodo demais para espectadores de estômago fraco.

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