Que barulho é este? Quando Molly ouve uma batida vinda do teto em seu novo apartamento, ela procura saber a origem. Os vizinhos do andar de cima não sabem do que ela está falando e a rejeitam com fria indiferença. Isso está tudo em sua mente? Afinal, ela ainda está processando um evento traumático que a levou à clínica psiquiátrica, e a onda de calor sem precedentes não a está ajudando a pensar com clareza.

O thriller psicológico sueco Knocking, dirigido por Frida Kempf, entrega a experiência completa para os fãs do gênero: é tenso, bizarro e desconcertante. A paranoia, a autopercepção e a percepção do mundo à volta de uma pessoa com histórico de problemas mentais são os ingredientes de um mistério baseado em algumas perguntas: à medida que as batidas se intensificam e dão lugar aos gritos de uma mulher, Molly se consome na tentativa de descobrir a verdade. Pode ser código Morse? Alguém está preso? Por que ninguém se importa?

Na busca dessas respostas, o longa-metragem faz uma forte denúncia do estigma das pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, da cultura de gaslighting e de como o estereótipo da “mulher louca” tira toda a credibilidade de uma personagem que pretende apenas salvar a vida de alguém que acredita estar em perigo.

A combinação da atuação espetacular de Cecilia Milloco – comparável à de Toni Colete, em Hereditário – com a fotografia de cores saturadas e ângulos sufocantes resulta no enlouquecimento gradual do espectador ao longo dos oitenta minutos de projeção. Knocking “induz uma sensação dissonante de desencarnação física e claustrofobia febril que imita a deterioração do estado mental de Molly”, conforme descreve a apresentação do site do festival. Dessa forma, a obra retrata uma jornada intensa e enervante, com trinta minutos finais de prender a respiração até encontrarmos as respostas com a protagonista, cujo ponto de vista único nos conduz durante toda a narrativa.

Uma grande experiência cinematográfica.

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