House of Cards

Uma nova era acompanha o sucesso da campeã de streaming na internet, a Netflix. Uma época em que se pode escolher um conteúdo para assistir ao invés de passivamente aceitarmos aquilo que nos é oferecido. Uma era de escolhas e de valorização do usuário. É seguindo esta nova modalidade de conteúdos virtuais que foi criada a série estonteante e vanguardista House Of Cards uma websérie exclusiva da empresa baseada numa minissérie de mesmo nome da BBC produzida nos anos 1990.

O programa é uma resposta à supremacia de produtos audiovisuais de (boa) qualidade vindos da HBO, que aposta num elenco forte e estrelado por Kevin Spacey. A história, de contexto político, se passa nos Estados Unidos, mostrando os jogos por trás dos sorrisos e promessas através do personagem Frank Underwood (Spacey), um democrata que tem ambições de poder e uma estranha relação com sua esposa Claire (Robin Wright). Ao ser derrubado por interesses políticos do seu partido, decide dar o troco, num plano altamente sofisticado que vamos conhecendo a medida que a série avança.

Extremamente frio e calculista, Frank articula jogadas sujas utilizando-se da mídia, dando informações à jornalista novata Zoe Barnes (Kate Mara), e do controle sobre outros membros de seu partido como Peter Russo (Corey Stoll) – que tem problemas com drogas -, utilizando-os como verdadeiros peões de um grande xadrez, tudo em função de alcançar um alto cargo e a busca infindável por poder. Frank, entretanto, não é o único em House of Cards dotado de um comportamento questionável. O seriado é repleto de personagens ambiciosos que, em maior ou menor escala, não hesitam em pisar nos outros para atingir seus objetivos.

House of Cards

A fotografia do seriado chama a atenção desde a abertura, quando as imagens trabalham o poder e imponência da arquitetura de Washington e flashes da vida cotidiana. A direção talentosa de David Fincher (Clube da Luta, A Rede Social) demonstra uma assinatura própria nas sequências desde o primeiro segundo. Kevin Spacey apresenta seu personagem dirigindo-se para a câmera, quebrando a “quarta parede”, um dos maiores protocolos do cinema. O estranhamento é grande, mas o uso é justificado mais a frente quando só é possível perceber nuances e o subtexto da história devido à interação criada a partir deste recurso.

House of Cards fala sobre traição, poder e suas consequências de forma brilhante. As 9 indicações ao Emmy (incluindo as categorias de Melhor Série Dramática e Melhor Ator) foram mais do que merecidas. Definitivamente um produto inovador de altíssima qualidade que chegou para ficar. A primeira temporada completa (com 13 episódios) está disponível na Netflix desde fevereiro, e a segunda (com mais 13 capítulos) já está confirmada pelo serviço de streaming para o próximo ano.