7. Problemas Femininos

Female Trouble. Estados Unidos, 1974. Direção: John Waters.

Dirigido pelo papa da contracultura norte-americana dos anos 1970, a obra é um show de mau gosto que, de tão ousado e original, acaba divertindo. Quem já assistiu Pink Flamingos (1972), o filme mais transgressor do cineasta, sabe o que vai encontrar pela frente. Na trama, a drag Divine, interpretando uma adolescente rebelde, decide fugir de casa e entregar-se a uma vida de prazeres libertinos, apenas porque não ganhou seu sapato de “chá-chá-chá”, no Natal. Na fuga, é molestada por um motorista e engravida do sujeito. A “garota”, no entanto, não deixa a maternidade interferir em seus sonhos e passa a trabalhar para um casal de pervertidos apresentando um espetáculo apocalíptico.

6. Dente Canino

Kynodontas. Grécia, 2009. Direção: Yorgos Lanthimos.

Um casal decide confinar seus três filhos dentro de casa e criá-los como prisioneiros. Adultos, ainda preservam a inocência de outrora: matam um gatinho acreditando que o animal é perigoso, desejam que aviões caiam no jardim para colecioná-los, brincam com água como crianças. No entanto, a “redoma” começa a mostrar sinais de desgaste e o estranho confinamento trará consequências brutais para todos os envolvidos. Uma obra provocante, que causa desconforto e angústia, principalmente por apresentar cenas de violência, incesto e crueldade com animais de forma bastante trivial, tornando o filme ainda mais perturbador.

5. Guinea Pig: Flower of Flesh and Blood

Za Ginipiggu 2: Chiniku no Hana. Japão, 1985. Direção: Hideshi Hino.

Guinea Pig é uma série muito famosa de gore-slasher japonês dos anos 1980 a 1990. Esse episódio, o segundo, é o mais famoso, visto o imbróglio envolvendo o ator Charlie Sheen, que após assisti-lo chamou a polícia, acreditando tratar-se de um snuff movie. Praticamente não existe um roteiro, apenas uma exercício doentio de maquiagem e efeitos visuais: um psicopata sequestra uma garota e, vestido como um samurai, passa a desmembrá-la ainda viva, registrando tudo em vídeo. Não há muito a dizer sobre a obra, além do fato de que a tortura é gratuita e chocante.

4. A Vingança de Alexandra

Alexandra’s Project. Austrália, 2003. Direção: Rolf de Heer.

Steve acaba de ser promovido no escritório. De bom humor, vai para casa comemorar com sua esposa. Ao chegar, encontra uma fita cassete com a seguinte instrução: “Play Me”. O vídeo, que começa com uma agradável surpresa, um striptease de sua mulher, vira um pesadelo em seguida, quando ela muda seu comportamento e aparece transando com o vizinho que ele tanto odeia e despreza. Alexandra, revoltada com o estilo de vida que leva, resolveu vingar-se do maridão, pondo em prática um aterrorizante jogo psicológico. Fita australiana surpreendente com brilhantes atuações.

3. Sozinho Contra Todos

Seul Contre Tous. França, 1998. Direção: Gaspar Noé.

Apesar de sua filmografia ser limitada por poucos longas, Gaspar Noé (Irreversível, Love 3D) ganhou notoriedade por consolidar imagens contundentes e viscerais. Aqui, ele narra a história de um açougueiro, um homem frio e violento que carrega em seu íntimo uma fúria infinita, que é descarregada aos poucos no mundo a sua volta. Ao mesmo tempo em que protagoniza atos bárbaros – como socar a barriga de uma mulher grávida, por exemplo -, discorre comentários absurdos sobre família, dinheiro, sexo e morte. Um registro pessimista da vida, um ensaio sobre a solidão, apresentada aqui como uma doença patológica.

2. Vidas Sem Destino

Gummo. Estados Unidos, 1997. Direção: Harmony Korine.

Esse é o primeiro longa-metragem dirigido por Korine, roteirista de Kids (1995) e Ken Park (2002). Assim como seus trabalhos mais conhecidos, o filme não tem uma história central. Simplesmente somos arremessados para dentro da caótica cidadezinha de Xenia, no Estado de Ohio, devastada pela passagem de um tornado. Durante o tour por esse lugar repleto de imundice, testemunhamos histórias de racismo, abuso sexual, prostituição, consumo de drogas, tortura de animais, violência pró-diversão e homofobia. Tudo isto envolvendo menores de idade. Um freak show depressivo, difícil de digerir.

1. Desejo e Obsessão

Trouble Everyday. França/Alemanha/Japão, 2001. Direção: Claire Denis.

Prepare-se para um filme indigesto e doentio, com muito sangue e pele. A obra é toda calcada na consciência da culpa, abordando experimentos neurológicos perigosos para estudar a libido humana. A trama acompanha dois personagens dotados de uma avassaladora fome sexual que, literalmente, comem seus parceiros após o sexo. No entanto, o trabalho da diretora Claire Denis é muito mais do que um filme sobre canibalismo, trata-se de um longa atordoante, repleto de conotações sarcásticas sobre a natureza humana.