Depois do sucesso estrondoso de Os Vingadores, Homem de Ferro 3 chega aos cinemas com uma importante missão. Afinal, “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” e o novo filme do ferroso precisa não só redimir o fiasco que foi a sequência anterior bem como pavimentar o caminho para a Fase 2 da Marvel nas telas, que culmina com a estreia de Os Vingadores 2 em 2015. Tarefa relativamente fácil para um estúdio que, mesmo quando não obteve a resposta esperada do público e crítica, se empenhou em tratar seus blockbusters como filmes “sérios”, aprofundando-se na história que pretendia contar e no desenvolvimento de seus personagens.

Responsabilidade grande também para Shane Black que assume o posto de Jon Favreau (diretor de Homem de Ferro 1 e 2) e tem a tarefa de alcançar as novas metas financeiras do estúdio estabelecidas por Joss Whedon – a casa dos dez dígitos. Black, mais conhecido como roteirista da extinta cinessérie Máquina Mortífera, debutou no comando de um longa-metragem em 2005 com Beijos e Tiros. Iron Man 3 é sua segunda experiência na direção em oito anos(!) e talvez a influência de Downey Jr., protagonista do seu filme de estreia, tenha pesado nesta escolha.

A nova aventura do ferroso começa com um flashback, em 1999, numa feira tecnológica na Suíça, quando Tony Stark (Robert Downey Jr.) conhece duas figuras importantes para a trama: a bióloga Maya Hansen (Rebecca Hall), que larga depois de uma noite de sexo, e o cientista Aldrich Killian (Guy Pearce), que ele deixa plantado à sua espera. Playboy egoísta que era, ele não imaginava o quanto estes dois lhe causariam problemas no tempo presente.

E problemas é o que não faltam a nosso herói. Tony já não é mais o mesmo dos filmes anteriores, abalado pelos eventos que testemunhou em Os Vingadores, ele abandonou a vida de farras e investiu no relacionamento com Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), sua ex-secretária, hoje presidente das Indústrias Stark. Crises de ansiedade por saber da existência de outras dimensões, alienígenas belicosos e deuses nórdicos tiraram o sono do nosso herói. Literalmente.

Enquanto Stark sofre com seus dilemas pessoais, um novo vilão ameaça os Estados Unidos. Trata-se do terrível Mandarim (Ben Kingsley, que na década de oitenta interpretou… Ghandhi?!), um terrorista perigoso capaz de feitos tão audaciosos quando Osama Bin Laden. Provocado por Stark, o vilão destrói a mansão do bilionário em uma ataque surpresa e quase o mata. Sem recursos e com sua armadura caindo aos pedaços, Tony empreende uma caçada ao criminoso, ao mesmo tempo em que precisa lidar com um grupo de antagonistas humanos geneticamente alterados, parte de uma conspiração para tomar o poder dos EUA.

Os trailers do filme faziam entender que este seria um longa mais sombrio, mas o que acontece é justamente o contrário. Ainda que introduza um tema sério, o receio norte-americano em relação à ameaças externas quando internamente podem haver perigos maiores – e infelizmente os recentes atentados em Boston comprovam esta teoria -, a película é bem leve, recheada de piadinhas e gags visuais.

Estas investidas excessivas no humor nas horas impróprias – uma característica marcante do diretor Black – e algumas incoerências no roteiro são os calcanhares de Aquiles de Homem de Ferro 3. Mas nada que afete muito o resultado final. A história flui com bom ritmo (mesmo previsível), as cenas de ação são empolgantes e o elenco competente, prendendo o espectador do começo ao fim. Algumas alterações drásticas no universo mitológico do personagem certamente farão os fãs xiitas de quadrinhos protestarem. Já o grande público, não terá do que reclamar.

(3.5/5)
Homem de Ferro 3 (Iron Man 3)
Estados Unidos, 2013 – 130 min.
Direção: Shane Black. | Roteiro: Drew Pearce e Shane Black.
Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Guy Pearce, Ben Kingsley, Don Cheadle.