The Following

Seguindo o movimento de séries cinematográficas, a primeira consideração a se fazer é a diferença básica entre um produto feito para a televisão e o feito para o cinema, que é o diálogo. No cinema, todos nós sentamos diante da tela num quarto escuro, diminuindo, portanto, as chances de se criar dispersões e o resultado disto é a sofisticação de contar histórias com mais imagens e menos palavras, onde a máxima “uma imagem vale mais do que mil palavras” se encaixa perfeitamente.

Nos seriados e novelas os espectadores ficam sujeitos a diversas distrações, como telefone, choros de bebê ou liquidificadores, por isso, quem está já profundamente acostumado com o cinema acaba se afastando da TV, afinal as imagens e sons não são complementares, mas redundantes. Os diálogos não são somente excessivos, são a base do desenvolvimento das tramas. Ouvir uma novela enquanto se lava prato é muito mais fácil do que assistir um filme meio desatento.

The Following é uma série que aposta em poucos diálogos autoexplicativos. Estrelada por Kevin Bacon (Sobre Meninos e Lobos) como um anti-herói marcado pelo passado conturbado e James Purefoy (Solomon Kane – O Caçador de Demônios) vivendo um serial killer carismático, a sensação é de estar assistindo a um filme de quarenta minutos. O desenvolvimento da narrativa é digno de nota, impossível não grudar os olhos na tela quando somos apresentados, em poucos segundos – numa cena com muitos corpos degolados -, ao assassino monstruoso, antes de conhecer seu lado “doce”.

The Following

A química dos dois atores é perceptível num trabalho que acrescenta valor a série. O próprio Bacon afirmou em entrevistas que queria fazer um herói, cansado dos papéis de bad guy atuais (X-Men – Primeira Classe, Sentença de Morte, O Lenhador), mas ainda assim um herói quebrado, um pouco perdido e falho. Eis que deu certo e de quebra conseguiu um excelente contraponto, um vilão, que causa nojo e adoração, ao mesmo tempo em que é extremamente convincente.

The Following não está, desculpem o trocadilho, seguindo a trilha de Dexter. Ele é muito mais denso e sério. Aqui, os roteiristas não estão para brincadeira e incluíram até uma subtrama onde uma criança está sendo “educada” para se tornar assassino. Logo no prelúdio da história, com sua voz em off, o malvadão Joe Carroll (Purefoy) anuncia que “existem na atualidade mais de 300 serial-killers ativos nos Estados Unidos” e completa: “Imagine se houvesse uma organização? Se as forças se juntassem?” Nos faz ser gratos por viver longe dali!

Com uma estreia significativa nos EUA – 10,4 milhões de espectadores -, esta é uma série que promete um futuro interessante, principalmente se não ficar baseando seus casos de assassinatos em Edgar Allan Poe por muito mais tempo, fato que já está bem desgastado com um sem número de filmes e livros inspirados em suas obras.

The Following estreia 21 de fevereiro às 22h45 na Warner Channel.