Escolher os piores do ano é tão árduo quanto escolher os melhores. Sim, é um trabalho sujo, mas alguém precisava fazê-lo. A seleção arbitrária foi feita levando em consideração os longa-metragens exibidos nos cinemas ao longo de 2012. Se expandíssemos a abrangência para home video, certamente o nível cairia ainda mais. Pesarosamente, o Brasil está presente em quatro filmes da lista. E pasmem: A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 não foi incluído!
10. Battleship – A Batalha dos Mares (Battleship): Em algum momento esta ideia bizarra de transformar jogos de tabuleiros em filmes ia dar xabu. É justamente o que acontece aqui neste “Transformers dos mares”, produção boba repleta de clichês e diálogos tolos. O fiapo de história fala de alienígenas que resolvem responder a uma mensagem humana enviada ao espaço atacando nosso planeta. Personagens rasos e estereotipados sob o comando de Liam Neeson entram em ação para evitar o fatídico fim da Terra. Os efeitos especiais top de linha não são suficientes para segurar a fita. Se a cantora Rihanna (que faz uma ponta como uma sargento) ao menos morresse afogada…
9. O Pacto (Seeking Justice): Empenhado em pagar suas dívidas com o fisco, Nicolas Cage tem topado participar de qualquer porcaria que lhe ofereçam. Aqui ele vive um professor de literatura que depois de ter a esposa estuprada e se meter com uma organização de justiceiros, usa todo o seu know-how de professor colegial – manusear armas de fogo, dirigir automóveis em alta velocidade, descer a porrada em bandidos – para lidar com seus problemas. Medíocre, inverossímil e cheio de furos, ainda faz de privada o ouvido do espectador com seus diálogos banais e sem sentido.
8. 12 Horas (Gone): Jovem histérica (Amanda Seyfried) à beira da paranoia decide bancar a detetive depois do sumiço de sua irmã caçula. Ela acredita piamente que o responsável é o mesmo sujeito que a raptou tempos atrás. Sequestro este, diga-se de passagem, ninguém acredita ter acontecido. Previsível, com diálogos sem pé nem cabeça, a película não cria tensão e só faz cansar o espectador com a quantidade de pistas falsas que oferece. Lamentavelmente, o filme marca a estreia do diretor brasileiro Heitor Dhalia (À Deriva, O Cheiro do Ralo) em Hollywood.
7. As Aventuras de Agamenon, O Repórter: Os membros do Casseta & Planeta achavam que requentar piadas de programas de televisão e trazer Marcelo Adnet, comediante da MTV, seriam suficientes para garantir o sucesso desta produção. Infelizmente, o roteiro, que é apenas uma coleção de esquetes, não dá suporte para todas as brincadeirinhas infames propostas pelo longa. Agamenon (Adnet/Hubert) é um correspondente do jornal O Globo que testemunha fatos importantes do nosso século. No pior estilo Forrest Gump, “contracena” com figuras históricas como Adolf Hitler e Albert Einstein, por exemplo. A tentativa desesperada de arrancar o riso do público resvala em piadas que em 99% dos casos não funcionam.
6. Motoqueiro Fantasma 2 (Ghost Rider – Spirit of Vengeance): Se você não gostou do primeiro filme, vai odiar ainda mais esta sequência, uma vez que os novos produtores prometeram consertar os desastres cometidos no original e fizeram uma nova cagada. A trama coloca Johnny Blaze como protetor de um moleque que foi concebido pelo diabo. Para evitar que o coisa ruim incorpore no garoto, precisa levá-lo através do deserto até uma ordem religiosa. Não faz muito sentido porque o motoqueiro em chamas quer praticar o bem, mas esta é a história vergonhosa, entupida de diálogos ridículos, atuações canastronas e previsível até a tampa desta sofrível continuação.
5. A Hora da Escuridão (The Darkest Hour): Depois de atuar em bons filmes como Milk, Aconteceu em Woodstock e no inédito Killer Joe, Emile Hirsh mete o pé na jaca como protagonista desta ficção científica ambientada na Rússia onde uma invasão de alienígenas aparentemente eletromagnéticos e invisíveis está acontecendo. A premissa, além de uma afronta as leis da física, tenta enfiar conceitos e teorias goela abaixo do espectador. Desinteressante do princípio ao fim, esta bobagem apocalíptica repleta de patriotismo tosco, clichês dos mais batidos e personagens imbecis força até um clima de terror que não assusta ninguém.
4. Totalmente Inocentes: Sátira de filmes nacionais na esteira de franquias como Todo Mundo em Pânico, esta comédia irresponsável é constrangedora e absolutamente sem graça. Na trama, dois moleques inconsequentes se metem numa guerra pelo poder entre traficantes do morro onde moram. Nem a presença de Fabio Porchat e Ingrid Guimarães, comediantes talentosos, salvam esta “coisa”: a direção de atores é praticamente inexistente, os recursos de inserções gráficas horríveis, a história pavorosa, a fotografia e a edição num nível mais baixo que os das novelas, e por aí vai.
3. Area Q (Idem): Produção gringa de quinta categoria, dirigida, escrita e co-produzida por equipe de brasileiros. O roteiro é inspirado em eventos ocorridos em 1979 quando um humilde camponês foi supostamente abduzido por uma estranha força, sabe-se lá, extraterrestre ou espírita, no sertão cearense. Trinta anos depois, um jornalista americano é enviado ao lugar para investigar os contatos alienígenas na região. Não bastasse o roteiro esquemático e enfadonho, os ruins efeitos visuais e as atuações picaretas ajudam a afundar a fita.
2. Projeto Dinossauro (The Dinosaur Project): Espécie de versão mockumentário de Jurassic Park (com pinceladas de Viagem ao Centro da Terra), este pretenso suspense apenas optou pela estética documental para disfarçar a pobreza do seu orçamento. Se o roteiro sobrepujasse a precariedade da fita, poderíamos até relevar (um pouco) os mambembes efeitos visuais e as atuações canhestras, mas não é o caso. O filme conta como exploradores britânicos que vão ao Congo dar fim ao mito do Mukele Mbemb (equivalente africano ao Monstro do Lago Ness) encontram uma ilha habitada por dinossauros. Os 80 minutos de duração parecem intermináveis de tão ruim que o longa-metragem é.
1. Cada Um Tem a Gêmea Que Merece (Jack & Jill): Pior do que o humor promovido por esta tranqueira produzida e protagonizada por Adam Sandler é ver Al Pacino participando dela. O ator, considerado um dos melhores da história, devia estar sob efeito de pesadas drogas alucinógenas quando topou participar desta imbecilidade que nem dá para chamar de filme. Na “trama”, Sandler “interpreta” dois papeis, um publicitário babaca e sua grosseirona irmã gêmea. Pacino vive ele mesmo, e acredite, se apaixona pela versão drag-baranga do “comediante”.