Apresentado pelo comediante Billy Cristal, aconteceu na noite deste domingo (26/02), sem supresas e sem números musicais, a 84ª cerimônia de entrega do Oscar, em Los Angeles, na Califórnia (EUA). Com exceção das categorias técnicas, a Academia de Artes e Ciências de Hollywood foi bem previsível, entregando o troféu de Melhor Filme a O Artista,  premiando um filme mudo depois de 83 anos.

Confirmando o favoritismo que foi se firmando ao longo de praticamente todas as principais premiações internacionais do cinema que acontecem antes do Oscar, a produção francesa, que concorria em 10, levou 5 estatuetas: Filme, Diretor (Michel Hazanavicius), Ator (Jean Dujardin), Figurino e Trilha Sonora Original. O que bem se viu no palco do Kodak Theater foram discursos carregados de sotaque, fruto de esforços dos premiados em falar a língua do Tio Sam.

Embora o saldo final em favor de O Artista não tenha sido propriamente uma surpresa, A Invenção de Hugo Cabret começou até bem, levando os dois primeiros prêmios da noite: Fotografia e Direção de Arte, prometendo uma lavada. Mas o longa de Martin Scorsese não manteve o ritmo e ficou só nos Oscars técnicos, terminando a noite com mais três – Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Visuais – de menor apelo.

Aplaudido de pé, Christopher Plummer, de 82 anos, escolhido Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação em Toda Forma de Amor, disparou em seu discurso ao receber o Oscar: “Você é só dois anos mais velho do que eu”. Outro veterano que saiu premiado foi Woody Allen, pelo Roteiro Original de Meia-Noite em Paris. O cineasta que, para variar, não compareceu ao evento, agora tem três carecas dourados nesta categoria – Allen já havia sido premiado em 1977 pelo roteiro de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e em 1986 por Hannah e Suas Irmãs.

Meryl Streep também foi bastante ovacionada pelo público. Depois de 17 indicações e 29 anos desde sua última premiação – em 1983, por sua performance em A Escolha de Sofia -. a loira ganhou o seu terceiro Oscar, pelo papel da ex-Primeira Ministra britânica Margareth Thatcher, no sofrível A Dama da Ferro. Streep se emocionou em seu discurso e agradeceu ao amigo maquiador de longa data, J. Roy Helland, que também faturou o Oscar de Melhor Maquiagem pelo mesmo filme.

O Oscar deste ano serviu para corrigir injustiças do passado e dar um tom de globalização ao evento. A intenção pode ter sido boa, mas para os brasileiros, teve sabor agridoce. A oportunidade do país ser contemplado pela primeira vez com o prêmio mais importante do cinema foi “roubada” por um certo sapo verde e seus amiguinhos fantoches. Ao lado de Sergio Mendes, Carlinhos Brown concorria ao Oscar de melhor canção original, pela música “Real in Rio”, tema da animação Rio, dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha. A Academia preferiu entregar o prêmio ao outro ÚNICO concorrente na categoria, “Man or Muppet”, do longa Os Muppets.

Confira abaixo a lista completa dos vencedores:

Melhor Filme: O Artista
Melhor Direção: Michel Hazanavicius (O Artista)
Melhor Ator: Jean Dujardin  (O Artista)
Melhor Atriz: Meryl Streep (A Dama de Ferro)
Melhor Ator Coadjuvante: Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)
Melhor Atriz Coadjuvante: Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)
Melhor Filme Estrangeiro: A Separação (Irã)
Melhor Filme de Animação: Rango
Melhor Roteiro Original: Meia-Noite em Paris de Woody Allen
Melhor Roteiro Adaptado: Os Descendentes de Alexander Payne, Nat Faxon, e Jim Rash
Melhor Fotografia: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Direção de Arte: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Montagem: Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Melhores  Efeitos Visuais: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Edição de Som: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Mixagem de Som: A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Figurino: O Artista
Melhor Maquiagem: A Dama de Ferro
Melhor Trilha Sonora: O Artista – Ludovic Bource
Melhor Canção: “Man or Muppet”  de Os Muppets
Melhor Documentário: Undefetead
Melhor Documentário de Curta-metragem: Saving Face
Melhor Curta-metragem: The Shore
Melhor Curta Animado: The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore