11-11-11 Antes de dissecar o novo trabalho de Darren Lynn Bousman, diretor responsável pelos medíocres Jogos Mortais 2, 3 e 4, é fundamental frisar aos aspirantes a roteiristas que números, datas e afins são uma das premissas mais estúpidas que o cinema já concebeu. O Número 23 e 2012 servem para comprovar que a numerologia não é a mais inspiradora das musas e que este 11-11-11, além de ser ruim em praticamente todos os aspectos, nasceu com prazo de validade vencido.

Ciente de que nem mesmo seis palitos perfilhados sustentariam uma trama convencional e rasa, o roteirista Darren Lynn Bousman recicla elementos explorados a exaustão, como o homem que perdeu a crença após a morte da mulher e filho e questionamentos sobre religião e fé, e se aprofunda em uma narrativa envolvendo o oculto, demônios, padres, etc. Na trama, Joseph Crone (Timothy Gibbs) viaja a Espanha para reencontrar seu pai que está moribundo e o irmão paralítico Samuel (Michael Landes), cuja congregação de fiéis diminui a cada dia.

Introduzindo diálogos que beiram o ridículo, Bousman sequer consegue comprovar o porquê de Samuel ser tão adorado pelos seus fiéis, pois a mensagem de seu sermão é tão primária e ingênua que um garotinho no catecismo falaria melhor e com mais convicção. Levando-se a sério nas suas teorias cada vez mais absurdas e investindo na repetição (por meia dúzia de vezes, Joseph afirmar ter que “salvar o irmão” ou apresenta novamente todos os sinais da repetição do 11-11 nas mortes e acidentes de seus familiares), o diretor apresenta-se como um fanático pela obra de Stephen King, e a menção da personagem de Kathy Bates em Louca Obsessão ou o labirinto das árvores de O Iluminado, carecem de organicidade na narrativa.

Algumas coisas poderiam ser perdoadas se 11-11-11 fosse ao menos eficiente como exemplar de gênero de terror (não é). Ao apostar em sustos bobos, o trabalho de Bousman é tão óbvio que é possível perceber quando ele deseja pegar o espectador desprevenido. Dessa forma, os sussurros e as visões em nenhum momento incomodam a platéia. Pior ainda as criaturas, que interessam-se apenas em surgir nas sombras com sua aparência enrugada coberta de um manto preto, sendo aquela que abre asas de morcego (seria o Batman?) a mais patética e inútil de todas.

O elenco também fica a desejar. A começar pelo protagonista Gibbs, cujo arco dramático simplório não consegue esconder a dificuldade do sujeito de tomar seus remédios, muleta dramática para os momentos de maior aflição. Já Michael Landes apresenta mudanças tão radicais no comportamento do padre que é difícil levá-lo a sério, especialmente nos momentos em que ele discorda de uma presença demoníaca nas imagens esfregadas na sua cara ou quando abandona o ceticismo (engraçado ouvir esta palavra vindo de um padre católico) e abraça a existência de toda e qualquer manifestação oculta.

Encerrando com a montagem frenética e pouco eficiente de Martin Hunter, Bousman prova que saiu de Jogos Mortais, mas a história de Jigsaw não saiu dele, re-editando o desfecho daquele longa em forma e conteúdo, investindo em nefastos flashbacks para explicar a narrativa para os espectadores (julgando-os, depois de tudo isso, por estúpidos). Afora a curiosidade que poderia gerar no dia de sua estréia, não existem muitos motivos para sair de casa e ir ao cinema assistir a este terror apocalíptico genérico.

(0.5/5)
11-11-11 (Idem)
Estados Unidos / Espanha, 2011 – 90 min.
Direção e Roteiro: Darren Lynn Bousman.
Elenco: Timothy Gibbs, Michael Landes, Wendy Glenn, Denis Rafter, Brendan Price.