Os Mercenários

Os anos 1980, marcados pela Guerra Fria e a era Reagan, foram o auge para figuras como Sylvester Stalone, Arnold Schwarzenegger, Chuck Norris, Van Damme, Dolph Lundgren e outros menos bombados que representavam o cinema comercial norte-americano com patriotismo embasado em truculência. Tudo muito coerente num país que sempre soube utilizar a força de sua sétima arte para finalidades políticas.

Neste sentido, filmes como Rambo (1982), Comando para Matar (1985), Stallone Cobra (1986), Inferno Vermelho (1988) e outros se tornaram meninas dos olhos dos estúdios, alçando seus protagonistas à altura de astros absolutos sinônimos de gordas bilheterias. Hoje, a imensa maioria destes atores vive em uma espécie de limbo, sempre tentando um retorno triunfal ao primeiro time – exceção feita a Bruce Willis que, com a saga Duro de Matar, já nos anos 1990, conseguiu permanecer no topo.

Nostálgicos de todo o mundo entraram em polvorosa quando saiu a noticia que Stallone iria “homenagear” este subgênero oitentista reunindo a trupe da pancadaria de outrora com alguns recentes astros do gênero. Infelizmente, o resultado, que poderia ter sido uma verdadeira ode ao cinemão brucutu, ficou um pouco aquém do que os fãs ansiaram por longos meses.

Os Mercenários conta a história de Barney Ross (Stallone) e sua turma de assassinos profissionais. Bem-sucedido em missões contra-terroristas em várias partes do mundo, o grupo é contratado pela CIA para derrubar o ditador (David Zayas, da série Dexter) de um país fictício da América Latina. Lá, eles conhecem a bela Sandra (Gisele Itié) e descobrem que o general está sendo financiado por um contrabandista norte-americano (Eric Roberts). Enquanto resolvem suas disputas internas, cabe à equipe de Ross, livrar a ilha da ameaça, devolvendo liberdade ao povo local.

Além do próprio Sly, fazem parte do elenco Jason Statham, Jet Li, Mickey Rourke e Dolph Lundgren (isso pra citar só os mais famosos). E ainda poderia ter outros, caso Wesley Snipes, Van Damme e Steven Seagal tivessem aceitado os convites que receberam para “atuar”. Sem dúvidas, a melhor participação – embora curtíssima – é a de Schwarzenegger, numa cena hilária com Stallone e Bruce Willis. O diálogo é cheio de ironias e a referência à vida política do governador da California é de chorar de rir. Aliás, o longa parece mais uma reunião de amigos musculosos indo pra academia do que propriamente um filme de ação.

O enredo de Os Mercenários tem a profundidade de um pires, Stallone demonstra inépcia na direção e alguns diálogos surgem forçados, beirando o rídiculo. Mas nada disto importa. Dentro da proposta a que The Expendables tem como objetivo, o filme cumpre o que promete. Prepare-se para muitas explosões, destruições e violência gráfica exageradas da forma mais old school que o cinema de ação pode apresentar, com armas rústicas para sujeitos idens.

Durante a divulgação da fita na San Diego Comic Con, Sly fez declarações absurdas sobre sua estadia no Brasil (parte da película foi rodada em Mangaratiba e no Parque Lage no Rio de Janeiro) o que causou revolta na imprensa brazuca. As abobrinhas disparadas pelo ator/diretor, assim como seu filme, não devem ser levadas à sério: Os Mercenários é diversão escapista, uma overdose de testosterona para ser assistida com aquela pipoca gordurosa afogada na manteiga e muito refrigerante.

(3/5)
Os Mercenários (The Expendables)
Estados Unidos, 2010 – 103 min.
Direção: Sylvester Stallone. Roteiro: Dave Callaham e Sylvester Stallone.
Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Giselle Itié.