A primeira vez que eu me deparei com um suposto Snuff foi em 2003. Recebi por e-mail, aquela infelicidade. O chocante vídeo mostrava uma garota chorando muito e implorando por sua vida para um sujeito armado com um revólver que atirava na cabeça dela diante da câmera, sem cortes! Tudo parecia extremamente real, mas muitos fãs de filmes de horror afirmaram tratar-se de uma produção fake.

Desde 1975, o debate sobre a existência dos snuff vem rendendo muita polêmica. Nessa época, o FBI e a Polícia de Nova York começaram uma verdadeira caçada a uma suposta rede de produtores e distribuidores dessas fitas, sempre com resultados negativos. Já em 1976, policiais que haviam participado das primeiras investigações disseram ao New York Post que estavam convencidos da existência de filmes mostrando imigrantes mexicanos sendo mortos. Os agentes diziam que era quase impossível prová-lo, porque a indústria dos snuffs seria controlada pela máfia.

Segundo a pesquisadora americana Barbara Mikkelson, o termo “snuff” apareceu em 1970, numa entrevista com um membro anônimo da Família Manson, seita de psicopatas que assassinaram a atriz Sharon Tate. Na entrevista, o rapaz se referia assim a um vídeo que mostrava uma mulher sendo decapitada. Depois das primeiras investigações, os boatos começaram a surgir. Segundo eles, boa parte dos filmes snuff seria produzida na América do Sul – especialmente na Colômbia, pela máfia como maneira de eliminar viciados e ladrões, que atrapalhariam o comércio da coca. Filmar seria um prazer extra.

O primeiro longa americano a explorar o gênero apareceu no rastro da polêmica aberta em 1975: Snuff! era uma produção “B”, filmada na Argentina, no início da década, sobre uma gangue de motoqueiros assassinos. O filme que era bem underground e nunca fez sucesso, foi investigado pelo FBI. A partir dele, vieram muitos. Mini-documentários mal dirigidos sobre topless, brigas, bizarrices culturais e rituais religiosos invadiram os cinemas de ponta de esquina.

Em 1978 surgiu Faces da Morte. O filme originou uma série de cinco sequências bizonhas que faturaram milhões de dólares. A produção paupérrima apresentava cenas reais de acidentes fatais, operações que não acabaram bem, animais sendo torturados e rituais religiosos. Um samba do crioulo doido que invadiu as locadoras nos anos 80 e desencadeou cópias fakes ainda mais descaradas (Traços da Morte, Faces of Gore, só para citar alguns).

Nos anos 90 a popularização da internet ajudou a tornar o gênero mais conhecido. Muitos sites surgiram mostrando cenas reais de morte. Encontrar estes endereços não era fácil, visto que o Google ainda não existia. O fato é que mortes começaram a ser registradas por diversos motivos. Na Guerra do Iraque, por exemplo, muitos terroristas utilizaram cenas de morte como forma de propaganda/intimidação, outras por motivos mais “nobres” como denunciar abusos, entre outros.

Durante os anos 2000, o ocidente se viu invadido por uma série de filmes de terror asiáticos conhecidos como Guinea Pig. São 6 curtas de 30 minutos que não precisam nem de legenda (só tem gritos). É exatamente aquilo que prometia um Snuff Movie. O sequestro de uma garota, que aparece amarrada num quarto e um ou mais homens começam a violenta-las e tortura-las até a morte. Quem já assistiu garante que os filmes são reais e degradantes. O ator Charlie Sheen viu um desses curtas e levou o caso a polícia. O diretor dos filmes teve que provar que a série foi feita apenas para testar efeitos especiais e mostrar que as garotas do elenco continuavam vivas!

Depois de muita especulação alguém finalmente foi preso por Snuffs Movies. A investigação começou na Inglaterra onde os filmes eram negociados no mercado negro. Um grupo de criminosos russos aliciava crianças (oferecendo dinheiro, bem pouco aliás), quase sempre meninos, faziam videos pornográficos com elas e depois torturaram e matavam. O material filmado recheado de brutalidade e sadismo também estava sendo distribuído na Itália e na Alemanha.

Enfim, os snuffs não são lenda como sugerem alguns. Hollywood, que não tem escrúpulos, explorou o tema de forma comportada através de longas metalinguísticos. Os principais títulos, no entanto, surgiram há poucos anos. Aguardem uma listinha para breve.

Fonte: Medo B