10. Zootopia – Essa Cidade é o Bicho

Zootopia. EUA, 2016. Direção: Byron Howard, Rich Moore.

Em tempos onde a intolerância está cada vez maior, a Disney faz sua parte para modificar isso, abordando o problema do preconceito de maneira inteligente, mostrando-o na prática ao invés de reduzi-lo ao discurso didático. A trama acompanha a policial Judy Hopps, a primeira policial coelha de Zootopia, que precisa provar para seu chefe e demais colegas de trabalho que é capaz de resolver uma intrincada série de crimes. Lúdico, sagaz e repleto de referências atuais, uma aventura que vai agradar tanto as crianças quanto os adultos.

9. Sala Verde

Green Room. EUA, 2015. Direção: Jeremy Saulnier.

Depois de exaustivas apresentações em botecos vazios, uma banda de punk rock decide fechar a turnê com um show num reduto de skinheads nazistas. Até aí tudo bem, o que eles não esperavam é testemunhar (acidentalmente) um crime e se tornarem reféns. Encurralados num dos camarins – a tal sala verde do título -, a banda faz de tudo para sobreviver as investidas do grupo. Provocante e claustrofóbico, Green Room é um eficiente exercício de suspense, com altas doses de gore e sadismo. Último trabalho do ator Anton Yelchin, que faleceu em junho, num trágico acidente, aos 27 anos de idade.

8. O Quarto de Jack

Room. EUA, 2015. Direção: Lenny Abrahamson.

O Jack do título é um garotinho de cinco anos que vive num cativeiro. Criado por Joy, sua mãe, também prisioneira do lugar muito antes do seu nascimento, tudo o que ele conhece do mundo é aquele minúsculo cubículo. A medida que sua curiosidade aumenta, Joy decide que chegou a hora de traçar um plano de fuga. Apesar do tom sombrio da história, a trama é contada com extrema delicadeza, levantando questões importantes. Com uma direção impecável, roteiro esplêndido e ótimas performances, difícil segurar as lágrimas com esta bela e comovente história de amor.

7. Capitão Fantástico

Captain Fantastic. EUA, 2016. Direção: Matt Ross.

Ben Cash (Vigo Mortenssen) é um sujeito radical disposto a lutar contra o sistema: mudou-se com a mulher para “o meio do mato” e lá constituiu um família com seis filhos. Cada uma deles recebeu uma educação exigente onde nada foi deixado ao acaso, desde a arte, literatura, matemática, exercício físico ou técnicas de sobrevivência. Porém, um infortúnio obriga a família regressar à civilização e esse choque cultural provocará uma reflexão em todos sobre sua antiga realidade. Uma história comovente cheia de momentos catárticos que faz o espectador rir, chorar e pensar.

6. Aquarius

Aquarius. Brasil, 2016. Direção: Kleber Mendonça Filho.

Clara (Sonia Braga, em uma interpretação hipnotizante) é uma jornalista e crítica de música aposentada que vive no velho Edifício Aquarius, de frente para a Praia de Boa Viagem, em Recife (Pe). Ela é a única moradora do lugar que ainda não negociou o apartamento com uma construtora determinada a destruir o prédio. Assediada constantemente pela empresa, Clara não está disposta a abrir mão daquela moradia cheia de recordações e objetos significativos. Ignore todas as polêmicas ideológicas no qual Aquarius esteve envolvido e divirta-se com essa pérola nacional cheia de diálogos memoráveis do mesmo diretor de O Som ao Redor.

5. Anomalisa

Anomalisa. EUA, 2015. Direção: Duke Johnson, Charlie Kaufman.

Aparentemente, Michael Stone é um sujeito normal, um escritor e palestrante famoso que ensina profissionais a entenderem melhor os consumidores. No entanto, vítima da Síndrome de Fregoli – um transtorno psicológico raro – Michael é um cara perturbado, que não consegue se conectar emocionalmente com ninguém, incluindo sua mulher e filhos. Até o dia em que ele conhece Lisa, uma tímida atendente de telemarketing, que provoca uma reação diferente. Essa animação para maiores só podia ter saído da mente de Charlie Kaufman, cineasta que adora subverter a linguagem cinematográfica, abordar temas difíceis e desafiar o senso comum.

4. A Chegada

Arrival. EUA, 2016. Direção: Denis Villeneuve.

Doze naves no formato de gigantescas conchas chegam ao nosso planeta em diversas partes do globo. A Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista, é convocada pelo governo americano para tentar estabelecer contato com os seres intergaláticos. Não espere encontrar em A Chegada o típico filme de invasão alienígena, com destruição em massa e ets malvados. Villeneuve é um diretor muito mais sensorial do que narrativo e aqui entrega uma visão diferente, desafiadora e reflexiva sobre um tema pra lá de batido.

3. Os Oito Odiados

The Hateful Eight. EUA, 2015. Direção: Quentin Tarantino.

Ambientado no velho oeste, pouco depois da Guerra Civil, o filme mostra a inusitada reunião de um grupo de mal-encarados num armazém, no meio de uma nevasca, sem ter como sair. Nenhum deles, nem o público, conhece as verdadeiras intenções um do outro. Quem conhece o estilo Tarantino (e gosta) sabe o que encontrar em todos os seus filmes: personagens falastrões e excêntricos, lições de moral absurdas, referências a cultura pop, uma narrativa não linear e baldes de sangue. E Os Oito Odiados não foge à regra.

2. Elle

Elle. França/Alemanha/Bélgica, 2016. Direção: Paul Verhoeven.

Isabelle Huppert interpreta magistralmente a protagonista, uma empresária bem-sucedida, proprietária de uma desenvolvedora de games, que é estuprada dentro de casa. Ao invés de se fragilizar pela violência sofrida, a mulher, que já luta contra uma série de demônios pessoais, decide buscar a verdade sobre seu agressor. Não espere um mero filme de vingança. Esta é uma obra tão desafiadora quanto intrigante, onde o silêncio e os olhares dizem mais que os diálogos.

1. A Criada

The Handmaiden/Ah-ga-ssi. Coreia do Sul, 2016. Direção: Chan-wook Park.

Ambientado na Era Vitoriana, o longa acompanha a história de uma criada contratada para cuidar de uma reclusa aristocrata. No entanto, sua verdadeira intenção é ajudar um conde picareta a seduzir, enlouquecer e roubar a “pobre” mulher. O novo filme do diretor de Oldboy, é uma obra de simulações. Há cada ato, pontos de vista são alterados e novas informações são reveladas, alterando radicalmente aquilo que o espectador tinha como certo. Em dado momento, somos obrigados a se render às reviravoltas, sendo surpreendido com mais detalhes à medida que grandes doses de erotismo e violência são adicionadas, deixando tudo mais intenso.