Dexter

A primeira das séries a ter um serial killer como protagonista – visto que agora existem diversas como Hannibal, The Following e Bates Motel -, Dexter vai encerrando sua carreira na TV, deixando um gostinho de quero mais, apesar de ter exagerado no tempo de mastigação. Durante seus oito anos de exibição, o programa se mostrou bastante inovador, principalmente no quesito marketing, com direito a banhos de sangue, facas e bebês, além de outras ações inéditas para um produto televisivo. O seriado chega ao fim neste domingo (22), nos EUA, onde é exibido pelo canal Showtime. No Brasil a oitava temporada ainda nem começou e pior: não tem data agendada pelo canal FX, que só recentemente terminou a anterior.

A estrutura de narrativa onde um personagem conta a história em off, muitas vezes é mal vista no mundo do cinema, no entanto, se tornou o grande diferencial de Dexter, nome de um serial killer de serial killers com quem sentimos uma estranha e perturbadora ligação. Um personagem que, apresentado de outra forma, nos seria antipático ou até mesmo visto como o vilão. Talvez a empatia ao seujeito venha da possibilidade de entendermos como funciona a cabeça de um psicopata, de forma muitas vezes cômica e sedutora — basta ver a abertura para entender as associações entre os rituais de assassinato e do estilo de vida, sensual e mórbida como nos títulos dos livros de Jeff Lindsay que deram origem à série.

Dexter (Michael C. Hall) é um personagem muito cativante e a série, ainda com os seus altos e baixos (que não foram poucos), conquista públicos diversos. A trama tem uma estrutura linear, onde o protagonista precisa enfrentar uma “grande ameaça” a cada temporada, enquanto caso menores são resolvidos durante os capítulos, às vezes interligados ao caso principal. Logo na primeira morte, o público começa a compreender as ações do meticuloso assassino, que segue um rígido código de conduta (bastante assustador).

DexterÓrfão aos três anos de idade, Dexter foi adotado pelo oficial Harry Morgan (James Remar). Após descobrir que o jovem gostava de matar os animais de estimação da vizinhança, Harry encaminha o garoto para uma avaliação psiquiatra, que identifica uma propensão a psicopatia. Decidido a não interná-lo, Harry ensina a Dexter “O Código”, uma maneira de canalizar seus instintos violentos contra pessoas que realmente “merecem”. Neste código, as vítimas devem ser criminosos que mataram inocentes, com propensão a continuar a fazê-lo.

Especialista forense em amostras de sangue, que trabalha para o Departamento de Polícia de Miami, Dexter tem acesso a ficha dos foras-da-lei e acompanha os casos de perto. Diversos flashbacks durante a série mostram Harry, morto anos antes, instruindo o filho e servindo-lhe como uma consciência. Sua moral se fixa em escolher vítimas que tenham não só uma ficha criminal, mas que sejam assassinos seriais como ele, e que escaparam por uma brecha da justiça. Dotado de conhecimentos técnicos, Dexter executa os criminosos sempre com muita cautela, para não deixar pistas nem rastros. O que nem sempre acontece. Pregando a máxima de que não existe crime perfeito, muitos personagens vão juntando as peças aos poucos, inclusive sua irmã Debra (Jennifer Carpenter), que trabalha como detetive no mesmo Departamento.

Na oitava e última temporada, o protagonista sofre com as consequências dos seus atos em pessoas queridas – como Deb, que passa a viver uma situação completamente destrutiva e errática -, enquanto precisa lidar com um novo serial killer extremamente meticuloso, o reencontro com uma antiga paixão e uma misteriosa mulher, que surge para auxiliar o departamento de polícia, e sabe bastante do seu passado. O que resta agora são as dúvidas deixadas no ar. Será que ele morre, foge ou é preso? O que acontecerá com os personagens que aprendemos a nos identificar durante todo este tempo? O Showtime responde a todas estas perguntas em 22 de setembro.