Game of Thrones

Em abril de 2011, a HBO lançava uma nova série depois do enorme sucesso de crítica e público de The Sopranos, a atual e pomposíssima Game Of Thrones. Não que houvesse um grande hiato de produção da emissora, mas de certa faltaram produtos de grande nota e de grande cédula. Em sua primeira temporada, a série conquistou um enorme público de forma assustadoramente rápida. Também pudera: sexo, intriga e violência são (quase) tudo que procuramos na TV.

Criada por David Benioff e D. B. Weiss, o seriado é baseado nos best-sellers mundiais “Crônicas de Gelo e Fogo”, escritos por George R. R. Martin em 1996 e que ainda estão em andamento – o autor está trabalhando no 6º e 7º livro, os dois últimos – com seu título sendo derivado do primeiro tomo, onde cada obra equivale a uma temporada na TV. Quem curte O Senhor dos Anéis percebe logo que a história leva inúmeras semelhanças e inspirações do livro de J. R. R. Tolkien.

É impossível não compará-los, mas é também muito inapropriado fazê-lo com descuido. Dentre as similaridades mais óbvias, a obra de Tolkien e a de Martin têm em comum a multitrama, onde vários personagens (aparentemente) têm o mesmo grau de importância na história, a fotografia esplendorosa e o fato de ambos serem ambientados num ambiente fantasioso – Terra Média X Os Sete Reinos de Westeros. Fora isso, é bom frisar que Game of Thrones é uma fábula para adultos.

Game of Thrones

O escritor George Martin não dá espaço para elfas recatadas, heróis respeitadores ou união de raças em prol de um bem comum. As mulheres transam – há muitas cenas de sexo e nudez -, os homens são egoístas e nas batalhas estupros e infanticídios são cometidos. Neste cenário, duas famílias dominantes lutam pelo controle do Trono de Ferro, cuja posse assegura a sobrevivência do inverno de 40 anos que está por vir. Enquanto isso, nas regiões desconhecidas ao norte e nos continentes ao leste, ameaças adicionais começam a aparecer.

Em sua primeira temporada, Game of Thrones capturou com enorme fidelidade o “espírito” do primeiro livro, com imagens e trilha extremamente cinematográficas. O começo promissor aumentou a vendagem dos livros, resultado de espectadores ansiosos para saber o desenrolar da história, enquanto a próxima temporada não chegava. Quem o fez, sofreu na sequência da televisão. O segundo ano alongou desnecessariamente algumas tramas – como a de John Snow naquela patrulha na neve e Daenerys Targeryen perdendo seus dragões -, fugindo do que estava na obra de Martin, sem falar em outras inúmeras alterações de personagens, situações e diálogos, todas para pior.

A terceira temporada, que começou neste domingo (31/03) na HBO, voltou a acertar na adaptação feita para a telinha. A introdução dos Wight Walkers – os zumbis de olhos azuis – na trama já deu indícios que o terceiro ano não vai se concentrar apenas nas picuinhas familiares. “Tormenta de Espadas”, o livro que serve com base para esta temporada apresenta uma empolgante guerra entre três reis na disputa pelo trono e seria interessante vislumbrá-la na TV. Temos mais mortes, surpresas e dragões. Se manter o ritmo deste primeiro capítulo, a série está de volta aos trilhos e em bom caminho.