O que fazer com uma franquia pseudo-documental quando esta já perdeu faz tempo sua aura de “história real” e precisa dar resultado$ para justificar um novo exemplar todo ano? Inovar. Acrescentar elementos a narrativa sem fugir a fórmula batida de sucesso. Foi isto o que a dupla de diretores Henry Joost e Ariel Schulman conseguiu com o terceiro exemplar de Atividade Paranormal e falhou miseravelmente neste quarto capítulo.

Atividade Paranormal 4 decepciona por quebrar a sequência (ou seria frequência?) de bons sustos que a série vinha mantendo e só não é um desperdício total graças alguns (poucos) momentos onde consegue ser original – o uso de tecnologias modernas como Xbox Kinect e o Iphone – para provocar saltos involuntários da cadeira. O grande problema do longa está no roteiro simplório – escrito por Christopher Landon (co-roteirista dos dois primeiros) – e suas resoluções tolas, que insiste em tratar o público como imbecil.

A trama do novo filme se passa cinco anos depois do desaparecimento de Katie (em Atividade Paranormal) e o garotinho Hunter (em Atividade Paranormal 2). A nova protagonista é a adolescente Alice (Kathryn Newton), que vive feliz com seus pais e um irmão mais novo numa residência de classe média alta nos EUA. A paz do lugar vai para as cucuias quando a família decide abrigar Robbie (Brady Allen), um garotinho da vizinhança que teve sua mãe hospitalizada após um misterioso incêndio.

Vultos inexplicáveis, sons assustadores e objetos se movendo sozinhos começam a perturbar Alice, que desconfia do moleque caladão recém-chegado. Com a ajuda do namorado sem noção metido a engraçadinho (Matt Shively), ela resolve, registrar em vídeo o cotidiano da casa e provar que há algo de muito errado acontecendo. É a mesma receita (requentada) das películas anteriores, porém, sem a inventividade de outrora e próximo de deserdar a base de fãs estabelecida.

Apesar da campanha de marketing prometer um desfecho – “Toda a atividade levará a isto…” -, a “conclusão” deixa portas abertas para mais filmes. O que é lamentável, visto que, ao apelar para trocentos clichês – há até uma homenagem tosca a cena com o triciclo de O Iluminado -, situações tolas e humor descabido, Atividade Paranormal 4 emite sinais claros que a franquia chegou ao seu limite. Se tiver paciência, fique sentadinho até o final da sessão. Um último susto lhe aguarda em uma cena pós-créditos.

(2/5)
Atividade Paranormal 4 (Paranormal Activity 4)
Estados Unidos, 2012 – 91 min.
Direção: Henry Joost e Ariel Schulman. | Roteiro: Christopher Landon.
Elenco: Kathryn Newton, Katie Featherston, Matt Shively, Brady Allen, Alisha Boe.