A internet é o maior veículo de propaganda de erotismo infantil da atualidade, o que multiplicou os crimes de pedofilia e estupro qual ervas daninhas na nossa sociedade. O cinema, que sempre flertou com a polêmica, explora essa perversão sexual – a atração de um indivíduo adulto ou adolescente por crianças menores de 13 anos – há muito tempo. Confira abaixo uma lista com ótimos filmes que discutem o tema sob diferentes olhares e fique à vontade para sugerir outros de igual importância.

10. O Desaparecimento de Megan (Megan is Missing, EUA 2011): O diretor Michael Goi (da série O Mentalista), utilizou sete casos verdadeiros para escrever o roteiro deste filme de baixíssimo orçamento sobre duas adolescentes, uma de 13 e outra de 14 anos, que se deparam com um pedófilo na internet. O resultado irregular não impede a fita de cumprir o seu “papel social” como alerta para pais e filhos. Os vinte minutos finais abusam do bom senso, mas é praticamente impossível não se sentir incomodado e impotente.

9. Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, EUA 2003): Baseado no livro homônimo de Dennis Lehane, o longa conta a história de três amigos de infância que acabam se separando após um deles sofrer uma experiência traumática – sequestro e abuso sexual por dois homens. 25 anos depois, outra fatalidade faz com que eles se reaproximem e tenham que enfrentar não só os fantasmas do passado, mas também os problemas do presente. Drama intenso, com personagens profundos e verossímeis, dirigido com maestria por Clint Eastwood.

8. MeninaMá.com (Hard Candy, EUA 2005): Ellen Page (então com 19 anos) faz uma garota de 14 que marca encontro pela internet com um fotógrafo de 32 anos (Patrick Wilson). As coisas não são como parecem e quem cai no “Boa Noite Cinderela” é o sujeito, sem saber que ela planejou uma vingança acreditando ser ele o pedófilo e possível assassino de uma amiga. Um filme tenso, repleto de diálogos sarcásticos  que mostra o submundo da internet e os perigos aos quais ela pode oferecer a quem recorre a este tipo de mecanismo para encontros amorosos.

7. Pecados Íntimos (Little Children, EUA 2006):  Jack Earle Haley (o Rorschach de Watchmen) é um molestador de crianças que sai em liberdade condicional para morar com a mãe num bairro tranqüilo, rico e familiar. O desconforto de todos é geral diante da potencial ameaça. Porém, logo se percebe que ele é apenas o lado visível da podridão que aquela sociedade oculta sobre os tradicionais pilares das aparências. Cada personagem a seu modo, têm perversões e profundas tristezas a esconder. Longa tenso e sufocante, repleto de atuações brilhantes. A memorável seqüência da piscina, na qual o pedófilo é expurgado do lugar como um vírus mortal, diz tudo e mais um pouco.

6. A Menina do Fim da Rua (The Little Girl Who Lives Down The Lane, EUA 1976): Uma Jodie Foster inspirada com apenas 14 anos faz o papel título, uma ninfeta cujo pai, um suposto escritor, está sempre ausente. Seu cotidiano misterioso desperta a desconfiança do bairro, sobretudo de um vizinho do final da rua que fica obcecado sexualmente por ela e passa a assediá-la incessantemente. Esta trama escabrosa leva o filme além da pedofilia, expondo temas igualmente melindrosos: repressão sexual, libertinagem e manipulação através da sensualidade.

5. O Lenhador (The Woodsman, EUA 2004): Pedófilo de meia-idade ganha a liberdade após cumprir 12 anos de prisão. Ignorado pela família e desprezado pelo terapeuta indicado pela justiça, ele vive sozinho, lutando contra seus demônios e convivendo com o medo constante de recair em seus antigos hábitos. Kevin Bacon em atuação discreta engrandece este longa perturbador que fala de preconceito e desconfiança. Para quem não se lembra da história de Chapeuzinho Vermelho, foi o lenhador quem tirou a garotinha do ventre do lobo mau.

4. Anjos do Sol (Brasil 2006): Inspirado em histórias reais, o longa acompanha a trajetória de Maria, garota pobre de 12 anos vendida pelo pai, que vai parar num bordel nos confins do Amazonas. Na noite de sua chegada, Maria é vendida para um fazendeiro que pretende presentear seu filho, de modo que ele possa perder a virgindade. Exportada para um outra “casa de tolerância”, é submetida, junto com as demais jovens do lugar, a fazer até trinta programas em uma noite. Sensível, contundente e real, este filme nacional é um retrato da sociedade cruel na qual vivemos. Sem apontar culpados, a produção faz pensar.

3. Confiar (Trust, EUA 2010): Diferente das películas que abordam os delicados temas de estupro e pedofilia, aqui o argumento procura focar no pós-trauma envolvendo a vítima e seus pais, no caso, uma garota de 14 anos, seduzida através da internet por um predador sexual. Drama atualíssimo, quase um “manual de sobrevivência” para os pais cujos filhos menores ficam horas ininterruptas batendo papo em salas de chat.

2. Michael (Austria 2011): Seco e cortante, o longa mostra os últimos meses na vida do personagem-título, um sujeito aparentemente comum de 35 anos, de boa índole, bancário, que vai a missa todos os domingos e… mantém em cativeiro um menino de 10 anos. Num momento, Michael está montando um quebra-cabeça com a criança, no outro limpando o pênis cheio de fezes com extrema naturalidade. O filme incomoda muito por abordar o tema de forma fria e distanciada, sem condenar o protagonista.

1. Lolita (Estados Unidos / Inglaterra 1962): Baseado na controversa obra-prima do escritor russo Vladimir Nabokov, o longa narra a tentação de um homem inglês que se apaixona perdidamente, à primeira vista, por uma jovem de 12 anos. Para estar sempre próximo a garota, casa por conveniência com a mãe dela. Com o decorrer da história, os dois começam a ter um caso de amor e sexo. Se hoje em dia o tema já é delicado, imaginem nos anos 1960, quando o filme foi lançado. Naquela época, Kubrick estava apenas começando a sua fama de diretor polêmico.