Conan

Durante décadas Schwarzenegger prometeu a continuação dos dois filmes protagonizados por ele no papel de Conan (“O Bárbaro”, de 1982 e “O Destruidor”, de 1984). Os anos passaram e a expectativa que o ator austríaco voltasse a interpretar o guerreiro foi se desfazendo, provando que o brucutu já levava jeito para política, prometendo e não cumprindo. Quando o anúncio de que uma nova versão (e não um remake!) estava à caminho, os fãs do personagem se empolgaram com a ideia. Infelizmente, o resultado desastroso deste novo Conan – O Bárbaro nos faz desejar que o cimério continuasse enterrado nos anos 1980.

A trama se passa durante a Era Hiboriana (período fictício decorrido há doze mil anos) quando Conan vê seus pais serem assassinados na sua frente e seu povo massacrado pelo conquistador Khalar Zim (Stephen Lang, de Avatar), enquanto ele, ainda criança, é levado para um campo de escravos. Os anos passam e o jovem cresce determinado a vingar-se, ignorando os planos do seu inimigo – reunir as partes de um objeto ancestral mágico para perpetrar seus desígnios e se tornar um deus.

O roteiro escrito por Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer (do irregular Dylan Dog) até apresenta um personagem-título astuto e inteligente (Jason Momoa, da série televisiva Game of Thrones) mais condizente aos quadrinhos pulp do novelista Robert E. Howard (1906-1936), entretanto, as barbáries cometidas – e não estou falando das mortes – são tantas (vilões caricaturais, violência gráfica exagerada, soluções óbvias, atuações pífias) que quase nada funciona no filme. Este quase, fica por conta do havaiano Momoa, que se sai bem, atuando muito melhor que o monossilábico Arnold de outrora.

Enquanto o talentoso John Milius, no homônimo oitentista, soube compensar seu apertado orçamento com bastante criatividade ao conduzir as sequencias de ação e feitiçaria, o diretor Marcus Nispel – cineasta alemão radicado nos EUA e conhecido pelas refilmagens de O Massacre da Serra Elétrica (2003) e Sexta-Feira 13 (2009) -, diante de um generoso budget que o original jamais obteve, torra a grana sem preocupar-se com a qualidade narrativa ou estética, inundando a tela com sanguinolência desenfreada e efeitos visuais exagerados.

Filmado na Bulgária, Conan – O Bárbaro custou aos cofres de três produtoras (Nu Image Films, Millennium Films e Paradox Entertainment) e da distribuidora Lionsgate cerca de 90 milhões de dólares. Mas, nem o marketing nem o (irrelevante) 3D (convertido) conseguiu convencer o público ir aos cinemas: a aventura arrecadou pouco mais de US$ 10 milhões nas bilheterias norte-americanas, obtendo resultados ainda piores nos outros países onde já foi lançado.

Os responsáveis por este fiasco mereciam ter o mesmo destino que os antagonistas do brutal bárbaro. É frustrante ver um personagem com tanto potencial e carisma afundar num filme tão ruim e previsível. Passe longe deste genérico e vá gastar o seu rico dinheirinho alugando o original de 1982, relançado recentemente em Blu-ray.

(1.5/5)
Conan, O Bárbaro (Conan, The Barbarian)
Estados Unidos, 2011 – 113 min.
Direção: Marcus Nispel. | Roteiro: Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer.
Elenco: Jason Momoa, Stephen Lang, Rachel Nichols, Ron Pearlman, Rose McGowan, Leo Howard.