A divulgação do trailer de Straw Dogs, remake do clássico dirigido por Sam Peckinpah nos anos 1970 e o lançamento da obra-prima Era Uma Vez no Oeste de Sergio Leone em Blu-ray, motivaram-me a elaborar esta lista. Além da qualidade do longa, o modus-operandi do personagem movido pelo “nobre” sentimento também foi levado em conta.

13. Cabo do Medo (Cape Fear, EUA 1990): Scorsese provou que remakes não são apenas trabalho de diretores de segundo escalão ao comandar com maestria esta refilmagem de Círculo do Medo, thriller de 1962. Robert DeNiro interpreta um ex-presidiário que acaba de ganhar a liberdade após 14 anos de sofrimento. Motivado a vingar-se do defensor público (Nick Nolte) responsável por sua condenação, o sujeito arquiteta um plano para causar desequilíbrio na harmoniosa vida familiar do advogado, onde a sedução de sua filha adolescente (Juliette Lewis) é apenas o princípio. Apesar de alguns tropeços e o exagerado final, ainda assim um filme tenso, repleto de atuações memoráveis.

12. Desejo de Matar (Death Wish, EUA 1974): Steve McQueen não botou fé neste longa e o papel acabou caindo no colo de Charles Bronson que tornou-se o macho-alfa setentista. Na trama, ele é um pacato arquiteto de Nova York, pacifista e contra a guerra, que depois de ter sua esposa assassinada e a filha estuprada, torna-se um justiceiro, saindo à noite para dar cabo de todo tipo de bandido que aparece pela frente. Depois do inesperado sucesso, gerou uma série de sequências cada vez mais absurdas.

11. Ação Entre Amigos (Brasil, 1998): Quatro amigos que participaram da luta armada contra a ditadura militar e acabaram sendo presos, descobrem por acaso onde está o homem que os torturou por meses e assassinou a mulher grávida de um deles. Decididos a se vingar, armam uma emboscada para capturar o sujeito, sem saber que tal atitude vai trazer a tona algo inimaginável e abalará a amizade entre eles. Longa de ação brazuca brilhante que só deixa a peteca cair no final (que é o ponto fraco, mas não atrapalha), com atores excelentes e direção talentosa de um Beto Brant em início de carreira.

10. O Conde de Monte Cristo (The Count Of Monte Cristo, EUA 2002): Edmond Dantes é traído por seu melhor amigo que o acusa de assassinato para ficar com sua linda mulher. Depois de passar um longo período em uma prisão isolada na ilha de Elba, Dantes escapa (em uma cena bem interessante) cheio de ódio e sedento por vingança. Encontra a sorte em um tesouro inominável, vira Conde (de Monte Cristo, o local onde o tesouro foi achado), e começa a vingar-se de todos que o traíram. Enésima e ótima adaptação da clássica história escrita por Alexandre Dumas.

9. A Vingança de Jennifer (I Spit On Your Grave / Day Of The Woman, EUA 1978): Clássico do sexploitation pioneiro em esvaziar cinemas com cenas de estupro extremas. A história curta e crua mostra como uma bela e aparentemente frágil mulher, é tragada para um verdadeiro inferno após ser humilhada e violentada por quatro homens. Lançado nos longínquos anos 1970, o longa estava à frente do seu tempo em muitos quesitos, mas hoje soa datado frente a quantidade de produções caça-niqueis que banalizaram a violência – inclusive uma refilmagem desnecessária em 2010.

8. Mr. Vingança (Simpathy For Mr. Vengeance/Boksuneun Naui Geot, Córeia do Sul 2002): O primeiro capítulo da trilogia da vingança de Park Chan-Wook (os outros são Lady Vingança e Old Boy) é o mais cru, trágico e brutal da série, além de ser um exemplo poderoso de como a ética é uma coisa relativa e de como a violência gera mais violência. Na trama, um jovem e pobre surdo-mudo paga traficantes de órgãos para retirar um dos seus rins e ele possa doá-lo a sua irmã doente. Enganado pela quadrilha, ele é convencido por sua namorada a sequestrar a filha de seu ex-chefe para conseguir o dinheiro do transplante.

7. A Vingança da Caolha (They Call Her One Eye, Suécia 1974): Garota muda é seduzida por um malandro que a introduz no mundo das drogas pesadas e, em seguida, a obriga se prostituir. No primeiro programa, ele discute com o cliente e o cafetão lhe rasga o olho. Depois de sofrer dezenas de maus-tratos que me recuso a enumerar, a protagonista decide dar um basta em tanta humilhação. Ela faz aulas de artes marciais, tiro e perseguição automobilística arquitetando a vingança contra seus algozes. Quentin Tarantino declarou que inspirou-se neste longa sueco para fazer o seu Kill Bill.

6. Sob o Domínio do Medo (Straw Dogs, EUA 1970): Um escritor (Dustin Hoffman) e sua jovem esposa (Susan George) são envolvidos num jogo de intimidação e medo pelos homens contratados para reformar a garagem de sua isolada casa de campo. Sam Peckinpah escandalizou as plateias do mundo inteiro com este longa cruel e violento que exibe cenas dantescas de estupro e morte sem suavização. Uma espécie de antepassado do francês Irreversível, só que com personagens muito mais ricos.

5. Les 7 Jours Du Talion (França, 2010): Sem absolutamente nenhuma trilha sonora, fotografia cinzenta e ar sombrio, o filme é um drama angustiante sobre um cirurgião que resolve vingar-se do algoz que sequestrou, estuprou e matou sua filhinha de 8 anos. E o faz durante sete dias com riqueza de detalhes em cada uma das torturas que impõe – lembre-se que o personagem é um médico – ao criminoso. Os franceses têm um humor peculiar e nunca desviam a câmera quando a agonia se torna intolerável. A carga dramática é tão forte que é impossível não se colocar na posição do protagonista.

4. Gladiador (Gladiator, EUA 2001): O Imperador Marcus Aurelius (Richard Harris) desperta a ira do filho Commodus  (Joaquin Phoenix) ao mostrar sua intenção em deixar o trono para o comandante do seu exército romano. Sedento pelo poder, ele mata seu pai, assume a coroa e ordena a morte de Maximus (Russell Crowe), que consegue fugir antes de ser pego e passa a se esconder sob a identidade de um escravo e gladiador, esperando pela melhor oportunidade de vingança. Performances inspiradas, roteiro exemplar e direção perfeita de Ridley Scott.

3. Era Uma Vez no Oeste (C’era una Volta il West, Italia 1968): Clássico absoluto do western dirigido pelo mestre Sergio Leone com Charles Bronson bancando o “herói” da história, um sujeito caladão conhecido como “Harmonica”. Até chegar bem perto do final (onde um flashback elucida tudo), não sabemos sua motivação, mas sente-se um doce gosto de vingança em todas as suas atitudes. Uma obra-prima poética e sensível, indispensável para quem quer conhecer a boa história do cinema, seja fã de Leone ou não.

2. Kill Bill Volume 1 & 2 (Kill Bil Vol. 1 & 2, EUA 2003, 2004). No dia do seu casamento, noiva têm sua igreja invadida pelo ex-amante e seus comparsas que promovem uma verdadeira chacina. Ela sobrevive e, anos após um profundo coma, acorda sedenta de vingança. Um filmaço com os tradicionais elementos característicos do diretor Tarantino: humor negro, violência gráfica, montagem não cronológica e trocentas referências a outros filmes. Curiosidade: O nome da noiva, personagem de Uma Thurman nunca é citado. Mas num relance rápido é possível ver escrito “Beatrix Kiddo” numa passagem de avião.

1. Oldboy (Coréia do Sul 2003): Passando com segurança por diversos gêneros como ação, drama e romance, trata-se de um filme vigoroso que elevou o tema vingança a um outro patamar. Adaptação de uma história em quadrinhos japonesa, o longa conta a trajetória de Oh Daesu, um sujeito comum que é sequestrado e jogado numa cela – um pequeno quarto de hotel adaptado. Sem saber quem fez isso e porquê, sem conseguir fugir nem se suicidar, Daesu começa a perder a sanidade e a única maneira de sobreviver é alimentar seu desejo de vingança. Quinze anos se passam  e ele acorda um dia fora da cela, restando descobrir quem destruiu sua vida. Cult asiático para quem gosta de cinema violento e estilizado.