Felizmente o drama acabou e os 33 mineiros foram resgatados com vida, após passarem 69 dias presos debaixo de uma montanha no deserto do Atacama, no Chile. Agora, suas histórias estão sendo disputadas na base de gordos cachês por emissoras de televisão de todo o mundo. Editoras e jornais estapeiam-se pelo privilégio de publicar os diários da vida subterrânea e as cartas que vários mineiros escreveram durante o período de cativeiro.

As ofertas são tantas e tão diferentes, que os trabalhadores já discutem como se organizar para explorar este momento da melhor forma possível para todos. Da mesma forma que o acidente na mina norte-americana de Quecreek (2002), na Pensilvânia, foi transformada em filme, já se negociam os direitos para levar a tragédia chilena com final feliz à tela.

Já imaginou este épico moderno estrelado por astros de Hollywood? Eu imaginei! Fica aqui abaixo algumas sugestões para os engravatados dos estúdios. O título: Os 33, é claro!

O presidente chileno Sebastian Piñera esteve o tempo todo empenhado em resolver a situação durante os quase 70 dias. Depois da missão de resgate bem-sucedida, viu sua popularidade disparar. O papel do estadista cairia como uma luva para o veterano James Woods, ator de 63 anos que já foi indicado ao Oscar por outra obra baseada em fatos reais, Salvador – Martírio de um Povo (1986).

Foi pelo punho de José Ojeda que o mundo todo ficou sabendo que os trabalhadores estavam vivos. “Estamos bem, todos os 33 no refúgio” é a frase escrita num papel que já se transformou numa peça de museu. O verdadeiro Ojeda é feio pra cacete, mas isto não mais importa agora que o sujeito está famoso. O astro Javier Bardem viria a calhar para resolver tal problema.

Querido pelos colegas de trabalho que o apelidaram carinhosamente de “Super Mario”, Mario Sepulveda foi fundamental na sobrevivência do grupo por manter o astral da turma sempre em alta e acreditar que o resgate aconteceria. Carismático, atencioso e bom de papo, poderia muito bem ser interpretado pelo galã espanhol Antonio Banderas, que completou 60 anos este mês.

Ovidio Rodríguez, o engenheiro de minas que liderou a equipe de resgate da cápsula Fênix tem mais de 30 anos de experiencia neste ramo, trabalhando para a Codelco, uma empresa privada do ramo de mineração. O sumido Edward James Olmos (Blade Runner – Caçador de Androides ) daria conta deste papel “técnico”, incorporando o sujeito com total domínio de cena.

James Gandolfini, o eterno Tony Soprano, está acostumado a papeis fortes. O sujeito ficaria perfeito como o médico da NASA líder da equipe de cientistas norte-americanos – formada por um nutricionista, um engenheiro e um psicólogo -, que ajudou no resgate, fornecendo alimentação especializada e dando conselhos sobre o comportamento em locais isolados e dicas de sobrevivência.

Raul Bustos já tinha sobrevivido a outra tragédia. Ele trabalhava como mecânico nos estaleiros da Marinha chilena em Talcahuano, quando o local foi destruído por um tsunami em 27 de fevereiro. Naquele fatídico 5 de Agosto, Bustos já tinha cumprido o seu turno e devia ter ido embora mas houve uma avaria e ele foi chamado. Uma grande chance para “The Rock” provar que sabe atuar de verdade.

Os mineradores soterrados dividiram-se em três equipes. Barrios, de 27 anos, era o mais jovem líder de uma delas. Ele tem um filho de cinco anos e outro a caminho. Mas os psicólogos pediram que essa notícia não fosse dada ao mineiro enquanto estivesse preso. Michael Pena, que já esteve em situação parecida ao lado de Nicolas Cage em World Trade Center, encarna fácil o personagem.

Yonny Barrios teve sua vida intima exposta com a tragédia. Sua esposa, Marta Salinas, descobriu que o marido tinha uma amante e não foi recebê-lo na ocasião do resgate. O português Joaquim de Almeida poderia muito bem interpretar este latin lover que tinha a tarefa de enviar os relatórios médicos de todos os seus companheiros às equipes de resgate. Os outros mineiros tratam-no por “o doutor”.

Quando as autoridades começaram a chamar os familiares dos mineiros, Marta Salinas, descobriu que o safadinho Yonny tinha outra mulher. Bates seria uma espécie de líder do “núcleo feminino” do filme. No papel de Marta, ela, juntamente com outras esposas do Campo Esperanza – local próximo a mina, onde ficavam os parentes das vítimas – seriam responsáveis por muitas cenas lacrimosas.

A talentosa milf Diane Lane no papel da amante Susana Valenzuela completaria o último vértice do triângulo amoroso. Susana e Marta estiveram a ponto de se agredirem, mas Yonny deixou claro, através de um depoimento em vídeo, que as duas mantivessem a calma até a situação ser resolvida. Cenas de ciúmes e compreensão entre Lane e Bates renderiam possíveis indicações ao Oscar para ambas.

Omar Regaya trabalha como mineiro há 30 anos e esta foi a terceira vez que sofreu um acidente de trabalho. No primeiro foi resgatado por um companheiro, que acabou morrendo. Sirico não fez nada de significante desde que A Família Soprano terminou. Talvez interpretando Reygada, o líder mais velho dos três grupos, o veterano ator fizesse as pazes com o sucesso.

Urzúa, o último minerador a ser salvo, vem de uma família dizimada por Pinochet na década de 1970. Sua mãe foi torturada durante o regime político do ex-ditador e o pai assassinado. Luís cresceu como irmão mais velho numa família de seis, ajudando a mãe viúva a criar os irmãos mais novos. O talentoso John Turturo daria um show num papel carregado de dramaticidade como este.

Cunhado de Osmar Reygada, Ávalos exercia a função de capataz e foi o primeiro mineiro a sair da Mina San Jose. Um personagem pequeno mas de forte impacto – ele relatou as condições no interior do lugar para a NASA -, ideal para o brasileiro Rodrigo Santoro que volta e meia marca presença em superproduções internacionais, em papéis de coadjuvante com poucas falas mas com significantes minutos em cena.

Carlos Mamani era o único imigrante do grupo. Veio da Bolivia para trabalhar na mineração. Era também um dos poucos homens que tinha estudo secundário completo. Se tivesse dinheiro suficiente poderia ter ido para a Universidade. No papel de Mamani, Taylor Lautner teria pouca significância. A sua presença na produção é pura estratégia – atrair a atenção do público jovem para o longa.

Nada mais justo, deixar um autêntico chileno comandar a película. Pablo Larraín, aplaudido no Festival de Veneza pelo seu Post Mortem sobre o golpe militar no país em 1973, é um ótimo candidato para o cargo. Se optarem pelo mexicano Alejandro González Iñárritu, visto a pouca experiência de Larraín, não ficarei chateado.

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