Um Sonho Possível

Um Sonho Possível é a adaptação do livro documental “The Blind Side: Evolution Of a Game”, de Michael Lewis, que conta a história edificante de um jovem pobre que é acolhido por uma família rica e consegue se tornar um jogador de futebol americano profissional. Por tratar-se de um esporte pouco divulgado no Brasil, aqui o filme será sempre lembrado e citado como “aquele que deu a Sandra Bullock o Oscar de Melhor Atriz”.

Bullock faz o papel de Leigh Anne Tuohy, extravagante, altiva e imperiosa, uma Susana Vieira Made in América, cujo marido é dono de uma rede de fast-foods. Com uma família “perfeita”, eles resolveram ajudar Michael Oher (Quinton Aaron), um garoto de 17 anos com problemas de aprendizagem e que estava sem lugar para morar, depois que fugiu de casa para não ter que conviver com a mãe viciada em drogas.

A ajuda dos Tuohy dá ao garoto a chance de entrar para o time de futebol-americano do colégio. Mas Big Mike, como é conhecido por ser muito alto e forte, tem dificuldades em assimilar os objetivos do jogo, assim como as matérias de suas aulas. Leigh entra mais uma vez em cena para ajudá-lo a se sentir a vontade e conseguir uma bolsa de estudos para faculdade.

O diretor John Lee Hancock preferiu não aventurar-se e seguir a risca a fórmula de sucesso esporte + história de superação. O resultado é um longa mediano que apela para o gênero feel good. É o típico filme norte-americano, que adora contar histórias de desafortunados que se dão bem na vida. Isso explica facilmente o enorme sucesso de bilheteria. O drama é a maior arrecadação da carreira de Sandra, tendo amealhado até agora mais de US$ 250 milhões de dólares só nos EUA.

A indicação ao Oscar de Melhor Filme foi um exagero sem tamanho da Academia. Pior: O careca dourado entregue a Sandra Bullock pareceu mais uma questão de oportunidade de ovacionar uma atriz competente e querida pelo público e pelos colegas do que propriamente a confirmação de que esta foi a melhor performance de 2009. Palmas de pé? Tenham dó!

O título original, The Blind Side, faz menção a um termo usado no futebol americano que caracteriza o lado cego do quarter-back (um espécie de armador do time) quando o mesmo está com a bola na mão. A Warner chegou a anunciar o longa com sua tradução literal, “O Lado Cego”, mas decidiu mudar depois da indicação ao Globo de Ouro. Diante de tanto sentimentalismo barato, deviam tê-lo batizado de “Saiba Como Promover a Inclusão Social num País Racista”.

(3/5)
Um Sonho Possível (The Blind Side)
Estados Unidos, 2009 – 128 min.
Direção e Roteiro: John Lee Hancock.
Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Quinton Aaron, Jae Head, Lily Collins, Kathy Bates.